domingo, 26 de setembro de 2010

Da África ao Heavy Metal (parte 8)

Em 1992, passeando por um estúdio e procurando um lugar para cantar nas horas vagas, o libanês residente em Glendale (Califórnia) Serj Tankian, reconhece um aluno da sua antiga escola (Rose and Alex Pilibos Armenian School), Daron Malakian. Juntos, descobriram interesses musicais em comum, além de semelhanças culturais, já que ambos eram filhos de armenos. Com Serj no teclado e Daron na guitarra, ambos alternando no vocal, chamam dois amigos da escola para se integrarem: Shavo Odadjian como empresário e Dave Hakopyan no baixo. Procuram um baterista e acham Domingo Laranio. Com o tempo, Shavo iria para a segunda guitarra. Em 1994, Dave e Domingo saem, e seus integrantes remanescentes colocam Shavo no baixo e chamam Ontronik Khachaturian para a bateria, depois substituído por John Dolmayan por causa de uma lesão na mão. Depois desse troca-troca, a ex-Soil ainda gravaria cinco discos, se destacando no novo heavy metal, graças às suas influências psicodélicas, com passeios pelo jazz e a música oriental. Era o System of a Down, agora em "férias" desde 2006 e com boatos sobre um suposto retorno até não poder mais. Com seu espírito expermimental e seus tempos estranhos, é dhamado "metal alternativo", junto de bandas como Nine Inch Nails e Rage Against The Machine.

O outro destaque dessa nova era nos leva a Des Moines, capital do Iowa, centro rodoviário do interior dos Estados Unidos. Em 1994, a banda Painface se separa, depois da saída do guitarrista Patrick. Logo, o vocalista Anders e o baterista Shawn pegam na percussão, enquanto o segundo é substituído na bateria por Joey Jordison e Paul Gray segue como baixista. Para substituir Patrick, entram Josh Brainard e Donnie Steel. A banda faz uma mistura louca de Sepultura, Primus e Black Sabbath. A banda grava uma fita demo. O guitarrista Donnie larga a banda por motivos religiosos e é substituído por Craig Jones, que em questão de semanas vira DJ e é substituído por Mick Thomson. Anders sai quando é movido para o vocal de apoio pelo novo membro Corey Taylor. Para ficar na percussão em seu lugar, entra Greg Welts. Outra demo. Greg foi sair por sair com a irmã de Joey Jordison e é substituído por Cris Fehn. Josh sai por pedido da família e é substiuído por Jim Root. Entra um DJ extra, Sid Wilson. Está contando? Aposto que não, mas são 9 membros. Todos eles no primeiro álbum, homônimo, dessa grande banda que é o Slipknot, de 1999. Essa formação fixa permaneceu com máscaras assustadoras. Desde Julho, a banda permanece inativa, por causa da morte do baixista Paul Gray, depois de uma overdose de remédios para o coração.


Além dessas duas bandas, outro movimento dentro do heavy metal que deve ser citado é o metal industrial. Esse estilo surge quando cruza-se aquele punk e o metal com a música industrial, aquela música barulhenta eletrônica. As suas precursoras são Metallica, Faith No More, Danzig, Celtic Frost, e, principalmente, Korn, que, mesmo sendo posterior ao movimento, mudou o curso do gênero. Uma das primeiras bandas do gênero poderia ser o Nine Inch Nails, projeto do músico Trent Reznor que começou a usar samples e teclado em suas músicas. Outras bandas famosas do gênero foram Ministry (nos últimos álbuns) e Godflesh. Hoje em dia, os principais representantes do gênero são Marilyn Manson (de longe,o artista mais polêmico do heavy metal atual) e Rammstein, banda alemã de vocalista operático que alto-intitula sua música como tanzmetall (heavy metal dançante), também muito polêmica, mas, ao contrário de Marilyn Manson, Rammstein cria polêmicas em suas performances e clipes bizarros, enquanto Marilyn (mesmo também não tendo os shows e clipes mais lindos do mundo) cria mais suas polêmicas em sua vida pessoal, como quando removeu 2 pares de vértebras para... *Eu não vou falar sobre essa merda aqui. Eu tenho nojo e horror disso, e te recomendo não procurar no Google.* Também, com menos sucesso, há o death metal industrial (com a brasileira Nailbomb e a Fear Factory como maiores bandas) e o black metal industrial (100% underground, a maior do gênero é a francesa Blut Aus Nord).


Outro movimento importante foi o metalcore, junto com o metalcore melódico. Esse gênero, com Sepultura como o precursor, mesmo sendo mais antigo, só ganhou importância com os dois primeiros álbuns de Avenged Sevenfold, que depois abandonaria o gênero, que seria  preservado pela americana Trivium e a galesa Bullet For My Valentine. Mesmo sendo um estilo muito popular e o mais promissor da atualidade, ele ainda é muito criticado pelos mais puristas dentro do heavy metal, que geralmente acham semelhanças com o emo onde não existe. *Mais puristas dentro do heavy metal = chatos que não aceitam que as bandas mais "trues" pararam de aparecer e criticam até os novos lançamentos de suas bandas favoritas. Se você é esse tipo de fã, desliga o rádio, pega seu iPod, baixa o que for mais true para você e fica quieto.*


Outro novo sucesso é o power metal mais épico, que, baseado principalmente nas bandas Helloween e Angra, surge com bandas como a irlandesa Rhapsody of Fire e a holandesa Epica. Mas, junto disso, ainda há a banda internacional formada pelo coreano Herman Li e o inglês Sam Totman (ambos ex-integrantes da banda neozelandesa Demoniac) nas guitarras, o ucraniano Vadim Pruzhanov tocando diversos instrumentos eletrônicos, o sul-africano ZP Theart (agora fora da banda, que procura um novo vocalista), os franceses Fréderic Leclercq (baixista que substituiu os ingleses Diccon Harper e Adrian Lambert) e Didier Almouzni (baterista, depois substituído pelo escocês David MacKintosh). Esse festival de nomes bizarros resultou na banda nomeada por fãs como a mais rápida do mundo, a Dragonforce, som que parece uma música de videogame distorcida e com vozes épicas.


Outro estilo que surgiu foi o metal gótico, influenciado por bandas como Celtic Frost (ela de novo!) , Christian Death e Samhain. Inspirados no rock gótico e na música erudita, surgem bandas que fazem um som maléfico, com ênfase no baixo e vocais diversos. Um estilo vocal muito usado pelo gothic metal é o feminino, em bandas como Epica, Evanescence e Nightwish (todas as três bem próximas do power metal). Outro é o beauty and the beast, com um assustador contraste entre as vozes guturais do black metal e belas e suaves vozes de uma soprano feminina, inaugurada pela Theatre Of Tragedy e usada por Tristania e Sirenia, além de bandas que convidam mulheres para cantar, como The Cradle Of Filth e a portuguesa Moonspell. Esse estilo chegou até a sair do gótico e chegou até à banda Distorted (falaremos dela no próximo parágrafo). Ainda há os puramentes guturais, como em algumas músicas da Moonspell e na Cradle Of Filth sem mulheres. Outro estilo são os vocais chorados masculinos, usados por bandas como My Dying Bride e Type O Negative, essa última, tendo como vocalista e baixista o falecido Peter Steele (primo de 4o grau de Stálin), que morreu esse ano, junto com uma das mais belas vozes do heavy metal, caracterizada pelo seu estilo entre o baixo e o barítono.


Outro estilo atual é o folk metal, nada mais, nada menos, que o heavy metal misturado com músicas folclóricas. Ele começa no Brasil, mas, infelizmente, com músicas não-brasileiras (isso seria interessante), mas com influências celtas em bandas como Tuatha de Danann, de Varginha. Não tarda para que os alemães
comecem a gerir bandas como a In Extremo (que usa influências e instrumentos medievais para tocar heavy metal) e a Corvus Corax (mais medieval que heavy metal, mas ok). Outras boas bandas do gênero são Subway to Sally, Tanzwut, Letzte Instanz, The Meads of Asphodel (black metal) e Skyclad (thrash metal). Com bandas como as israelitas Melechesh ("a banda mais anticristã do lugar mais sagrado do mundo", para Garry Sharpe-Young), Distorted (que incorpora um estilo gótico) e Orphaned Land (prog metal) e a cazaque Ulytau. Os povos andinos ainda influenciariam bandas como Tenochtitlan (russa) e Chaska (peruana). O viking metal, ritmo predominante na Noruega e Suécia, seguidor de Báthory, mesmo muitas vezes não tendo influências folclóricas pode aqui ser citado como folk metal por causa de sua temática, com bandas como Amon Amarth, Týr e Moonsorrow. Ainda existem várias bandas únicas, que misturam ritmos específicos  ao heavy metal. Podemos ver nesse grupo a finlandesa Finntroll (humppa, tipo de dança finlandesa), a singapuriana Rudra (música védica da Índia), a portuguesa Moonspell (banda gótica com influências do fado no primeiro álbum), a brasileira Braia (MPB!), e, uma banda brasileira muito underground que aqui quero destacar, a florianopolitana Austhral, que mistura ritmos gaúchos como chamamé e xote com o black metal.


Aqui estou falando do heavy metal atual, mas agora reservo um espaço para falar de um ritmo muito cult que surgiu nos anos 90. Ele aparece quando as bandas inglesas começam a fazer um som alternativo como o do U2, mas mais calmo. Surge o britpop, com bandas como Blur e Oasis, que ganham o cenário internacional facilmente. Esse estilo, no início fez uma música calma que agradava a todos os gostos, mesmo não sendo o estilo mais popular. Mas, depois de um tempo, veio a segunda geração, com um estilo mais mainstream que nunca, mais pop que rock, tão popular que influenciaria bandas do mundo todo e se tornaria mais cult do que o rock em si, mesmo 99,99% de suas bandas fazerem um único sucesso e voltarem para casa. Esse estilo é tão popular que sai da Inglaterra, influenciando bandas do mundo todo.


O britpop pode ser considerado a última cena regional. A internet torna o mundo globalizado até musicalmente. Se eu invento um estilo aqui e posto no meu Myspace, um japonês pode acrescentar algo nele, influenciando diversas bandas e criando um estilo regional no interior da Áustria, influenciando as músicas de uma banda americana que faz sucesso no Youtube e é considerada a inventora do gênero. Mesmo assim, nunca se esqueça: a música é arte. E a arte é eterna.




Próxima postagem: "Preconceito contra o heavy metal"

Nota: Acabei a série sobre história do rock. Agora, voltarei ao ritmo normal, já que  usei aquele tempo para recauchutar as ideias.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Da África ao Heavy Metal (parte 7)

"Eu procurava por algo muito pesado, mas ao mesmo tempo melódico. Diferente de heavy metal, outra atitude..." Quando, em 1987, em Seattle (Washington) o vocalista e guitarrista Kurt Cobain, o baixista Krist Novoselic e o baterista Aaron Burckhard, fãs de punk, heavy metal e muitas drogas, formam a banda Nirvana. No começo, o som deles ofende os mais puristas. Mas, com o tempo, as pessoas começam a se familiarizar com seu som. O baterista foi trocado várias vezes, inclusive ouve uma tentativa de chamar um segundo guitarrista (que só durou 6 meses) rolaram, mas eles só pararam de trocar quando algo aconteceu. Esse "algo" era Dave Grohl, um dos melhores bateristas de todos, e o primeiro talento nesse novo estilo que era o grunge, com suas letras ácidas. O lema de Cobain era "Melhor morrer que ser maneiro", mostrando sua postura foda-se-tudo.

Kurt se mataria em 1994 com um tiro de espingarda, mas isso é outra história que vamos pular, já que não matou sua música. As influências de Kurt se estenderiam por diferentes ramos de rock, basicamente, o alternativo e um novo gênero, chamado post-grunge, com seus maiores representantes sendo Foo Fighters (com o ex-baterista do Nirvana Dave Grohl, que, como vocalista e guitarrista é um grande batera) e a banda de hard rock Creed. O grunge também seria uma das várias bases de um gênero atual que veremos depois de alguns parágrafos.

Depois do black metal, ainda haveria uma nova vertente. É o death metal, estilo "gritado" de heavy metal, com vozes extremamente agudas. Começa com a banda Death, que também tem o estilo chamado "techdeath", por causa de suas influências rasas na técnica do jazz. Entre as poucas bandas que seguem esse estilo techdeath, encontramos Cannibal Corpse e Nile. Mas, no death metal em geral, várias bandas seguem o estilo, como Morbid Angel, Amon Amarth (seguindo a temática viking de Báthory) e Arch Enemy (uma das únicas com uma mulher no vocal). Com o tempo, surgem bandas de blackened death metal, misturando black, e death metal. Entre elas, vemos Behemoth, uma das bandas mais blasfemas do mp3. Ao mesmo tempo, no Brasil, a banda Sepultura, já citada aqui como thrash e groove metal, passeava pelo death metal, a ponto de ser citada pela MTV americana como "talvez a banda mais importante do heavy metal dos anos 90". Enquanto isso, dentro de uma bolha de rock e música boa em geral, o mundo festejava. Enquanto isso, um terrível gênero rastejava para tomar seu poder. E seu nome é emo.

Essa praga aparece depois que o New Age se torna mais moderno. Não vou citar o nome de nenhuma banda aqui, afinal, não importa o quão emo é a banda, seus fãs nunca admitem esse fato. Esse estilo (*praga*) chegou ao Brasil recentemente, até sair de moda e retornar com roupas coloridas e o pseudônimo de happy rock. Mas, para não causar polêmica, vou parar por aqui, antes que eu vomite.

No Brasil, começam a aparecer bandas de rock lento que fazem grande sucesso, como Detonautas, Skank, Capital Inicial e Charlie Brown Jr. Outro sucesso é a cantora cover Cássia Eller. Também, em um festival de experimentações extremas e loucas, a banda Pato Fu, para deixar qualquer especialista em música com dor de cabeça com seu estilo raro e inclassificável. Mas, o destaque vem do Nordeste.

Francisco de Assis França era um vendedor pernambucano de caranguejos, que gastava grande parte de seu dinheiro para ir a bailes funk e baladas hip hop. Então, sua banda, Loustal, conhece o bloco de percussão Lamento Negro. Então, a Loustal ganha um baterista e quatro percussionistas. Com o som baseado no funk americano e hardcore punk com influências de ritmos como samba de coco, frevo, e, principalmente, maracatu, renovam o estilo brasileiro da música nordestina. Depois da morte de Chico Science, a banda segue com o alfaieiro (tocador da percussão alfaia) (Pixel 3000, agora Jorge dü Peixe) no vocal.

Enquanto isso, nos EUA, já que a banda dos Big Four Anthrax fizera sucesso tocando "Bring The Noise" com o rapper Chuck D no vocal, algumas bandas passaram a usar influências de rap e hip hop para compor, como o Limp Bizkit e o Linkin' Park. Outra, mas que também foi incrementada com algumas influências grunge é a banda Korn. Este é o nu metal, ou New Wave of American Heavy Metal. Outra banda do gênero é a Slipknot, conhecida pela imagem demoníaca de seus membros. Outras duas bandas americanas atuais, mas sem influência nenhuma do rap, a fazer sucesso, abrirão o desfecho dessa série de postagens semana que vem.






(continua na próxima postagem...)

Próxima postagem: "Da África ao Heavy Metal (parte 8)"

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Da África ao Heavy Metal (parte 6)



Em 1981, o dinamarquês Lars Ulrich, residente em Los Angeles, põe no jornal o aviso: "Baterista procurando por músicos metaleiros interessados em tocar Tygers of Pan Tang, Diamond Head e Iron Maiden". O primeiro a responder foi o guitarrista e vocalista James Alan Hetfield, da banda Leather Charm. Depois, Lars ainda receberia em sua banda o guitarrista Lloyd Grant (que sairia em alguns meses e substituído por David Scott Mustaine) e o baixista da Leather Charm, Ronald McGovney. Depois de um tempo, nervoso por ter que aguentar o bullying de David (incluindo um espisódio em que David encharcou seu baixo e o fez levar um choque), Ronald sai da banda. Kirk Lee Hammet também foi tocar guitarra, com a saída (expulsão) de Dave, devido ao seu problema com a bebida.


O destino dessa conturbada banda? Metallica. O substituto de Ronald, Cliff Burton (depois morto em um terrível acidente de ônibus), é considerado até por fãs de bandas totalmente diferentes do Metallica um dos melhores do mundo, apesar de ser o 30º para a Rolling Stone. Kirk é o 11º melhor guitarrista pela revista. Lars, um dos melhores bateristas de hoje em dia. James está como 24o melhor vocalista pela Hit Parader, na frente de vozes como Gene Simmons (Kiss), Serj Tankian (System Of A Down) e John Bon Jovi (Bon Jovi), além de 8ºmelhor guitarrista pelo livro The Greatest 100 Metal Guitarists. Já Dave, o guitarrista expulso, fundaria a maior rival do Metallica: O Megadeth, um dos herdeiros desse gênero que é o thrash metal, que fez Dave fechar o livro como o primeiro. A acidez incrementada em uma mistura de NWOBHM e speed metal cria um gênero que rende até seus Big Four: Metallica, Megadeth, Anthrax e Slayer, que se reuniram para um único show na Bulgária em Julho deste ano.

O próprio Brasil teve sua cenário thrash, com bandas como Sepultura, banda muito reconhecida internacionalmente que seria relacionada ao "groove metal" (outra banda desse gênero é o Pantera), gênero com influências funk (não o carioca, o ritmo das baladas americanas) e o Ratos de Porão, banda com influências pesadas de hardcore punk. A influência do Thrash brasileiro no resto do mundo foi tanta que até se cria uma cena regional: o "Brazilian Thrash Metal", marcado por influências do punk e da NWOBHM, e, até, às vezes, música brasileira. Mesmo com tanta influência e popularidade, os filhos do thrash metal, mesmo conseguindo milhares de fãs e uma qualidade particular, acabaram simultaneamente criando de vez o preconceito contra o metal, mas depois nós veremos do que estou falando.

Enquanto surgia o thrash metal, também surgia também o post-punk, um rock que já era mais lento e "certinho". Alguns exemplos são a popular U2, irlandesa com um sucesso extremo que fez seu álbum The Joshua Tree o 5º álbum definitivo no rock, entre 200 eleitos pela Rock and Roll Hall Of Fame. Seus membros fixos da banda (Bono, The Edge, Adam e Larry) conseguiram algo difícil no rock que é atravessar uma carreira sem polêmicas pesadas, drogas ou bebida (à parte as drogas e o álcool usadas por Adam até largar em 1993). No Brasil, a maior banda do gênero foi a Legião Urbana, com influências do country e da MPB. Suas músicas "Que País É Esse?", "Faroeste Caboclo" e "Conexão Transamazônica" são parte de um dos maiores álbuns da história brasileira: "Que País É Esse", disco de 1987 que demora 9 anos para ser gravado. Outra representante brasileira foram os Titãs, banda com flertes com o hard rock.

Como um "derivado" do Post-Punk, com influências New Wave, surge um movimento de college rock, aquele rock feito por amigos jovens com vários LPs acumulando poeira na coleção das pessoas de 30 a 40 anos. Têm letras herdadas do glam rock, mas com um ritmo totalmente diferente. O maior dos expoentes desse gênero é o R.E.M., com suas performances artísticas de rock, destaque para "Losing My Religion". Outra banda do gênero é o The Smiths, além da cantora Kate Bush. Mas o college rock foi mais um movimento que um gênero.

Outro gênero com avanço notável na época era o hard rock, com novas bandas como Guns N' Roses e seu virtuoso ex-guitarrista Slash, agora totalmente mudada. Seu disco Appetite for Destruction é um álbum obrigatório, que produz três clássicos (Sweet Child O' Mine, Paradise City e Welcome to the Jungle) e mais 9 grandes músicas. É a qualidade de uma compilação, mesmo com outros álbuns apresentando a mesma qualidade. Rush, mesmo já sendo aqui classificado como rock progressivo, é outro exemplo de hard rock, com seu renomado baterista Neil Peart, 1º lugar pela Rolling Stones.

Dois estilos muito interessantes que surgem nessa época são o funk rock e o funk metal. Foi, obviamente, uma fusão dos dois estilos com o funk (não o funk carioca, o funk dos estrangeiros, parecido só no nome, aquele de Stevie Wonder e do baixista virtuosíssimo Victor Wooten, com destaque o cover que Wooten fez de Stevie, "Overjoyed"). Uma das poucas bandas reconhecidas no funk rock é a Red Hot Chilli Peppers, que usa seu baixista Flea para o que geralmente seria feito por 1 ou 2 bons guitarristas como acompanhamento na 5a
e na 6a cordas. Outra banda do gênero é a Primus, cujo baixista Les Claypool é conhecido pelos instrumentos exóticos que usa (como bassjo e whamola), cujo projeto solo rende o tema da série South Park. Já o funk metal é principalmente respresentado pelas bandas Rage Against the Machine, Faith No More e Incubus. Muitas outras bandas mais atuais (anos 90 e 2000) como Korn, System of a Down, 311 e até Slipknot são eventualmente associadas com o funk metal, mesmo com poucas semelhanças com o gênero.

Voltando ao thrash metal e seus "filhos" que falei, começaremos pelo blackened thrash metal (ou "primeira onda de black metal"), movimento dos anos 80 que começaria com o thrash metal do Venom (que lemos na postagem 4). Seu segundo disco, Black Metal, apresentava vocais gritados e letras satânicas, como a faixa homônima e "Welcome to Hell", além de guitarras simples e D-Beat (batida na bateria). Outra banda é a sueca Báthory, que quando não estava fazendo baladas envolvidas pela música viking ("One Rode To Asa Bay") estava fazendo vocais rasgados com guitarras distorcidas e baterias "metralhadora" ("Woman of Dark Desires"). Juntos nesse novo gênero, apareciam também Celtic Frost (suíça), Sodom (alemã), Mercyful Fate (dinamarquesa), entre mais bandas europeias, além da brasileira Sarcófago, a primeira a usar a corpse paint ("pintura cadavérica") com fins medonhos, oposta à bandas como Kiss, a também brasileira Secos e Molhados e o astro Alice Cooper, ajudando a cunhar o termo.

O black metal prosseguiria para o novo círculo do black metal (ou "segunda onda") aumenta a participação norueguesa na cena musical, com bandas como Mayhem, Burzum, Gorgoroth, Darkthrone e Sathyricon. A Suécia também participa, com Marduk e Dark Funeral. Ainda há pequenas cenas na França, Polônia (com destaque para Behemoth e os EUA. Há também, em volta dessas bandas, um dos momentos mais trágicos (e, com certeza, o mais chocante) da história do black metal. Em 1993, boatos espalhados pelo guitarrista Snorre Runch, da banda Thorn, diziam que Euronymous, exímio guitarrista da Mayhem (100º melhor do metal pelo livro já referido), por causa de um problema de contrato e de "batalhas pela liderança de um grupo satânico", ou seja, inveja, queria matar Varg Vikernes, vocalista, guitarrista, baixista, baterista e tecladista do Burzum. Como qualquer pessoa normal faria, Varg o matou com 23 facadas e alegou legítima defesa, dizendo que foi lá só para discutir e foi recebido por uma faca. Levou 21 anos de prisão, do que cumpriu somente 16. No meu conceito não-profissional nisso, um psicopata de nível 13.

Ainda haveria o death metal, mas disso falaremos na próxima postagem, junto com um movimento que foi começado por um punhado de jovens fãs de drogas, punk e heavy metal, mas que mudaria todo o rock que viria depois dele.



(continua na próxima postagem...)

Próxima postagem: "Da África ao Heavy Metal (parte 7)"

domingo, 5 de setembro de 2010

Da África ao Heavy Metal (parte 5)

O Judas Priest era uma banda de garagem formada por dois amigos de infância (guitarrista K.K Downing e baixista Ian Hill, que chamaram o amigo Al Atkins para cantar e John Ellis para tocar bateria. Com cinco anos de carreira e três demos sem sucesso, eles expulsam Al Atkins, que vai para a carreira solo, e chamam Rob Halford para cantar. Em 74, com John Hinch na bateria e Glenn Hill como guitarrista extra, lançam o disco Rocka Rolla, sem muita repercussão. Álbum ante álbum, acabam desenvolvendo alta popularidade. Ao mesmo tempo, a banda galesa Budgie, faz músicas mais pesadas que seu hard rock habitual. Várias bandas se inspiram nesse estilo. Algumas delas são as mais famosas de hoje em dia.

Algumas das bandas a seguirem esse estilo são a já referida Mötorhead, Saxon, Def Leppard (famosa por seu baterista sem um braço) e a grande Iron Maiden. A Iron Maiden foi formada por Steve Harris, baixista que já havia perdido duas bandas (Smile e Gipsy's Kiss) por fazer composições "complicadas demais". Formou a Iron Maiden e tomava forma a nova geração de heavy metal britânico, ou, como diz sua sigla em inglês, a NWOBHM. Mas o speed metal do Judas também criaria um novo ramo...

No que o metal neoclássico fazia sucesso, como já disse na postagem anterior, algumas bandas resolveram fazer um som épico a partir de metal e música clássica, partindo do speed metal. A pioneira, baseando-se no som de Manowar, Accept e Savatage, foi Helloween, com seu EP homônimo. Outra banda famosa do gênero são a Mötley Crüe. Sua música mais recomendável é a "Saints of LA", com seu estilo intenso e épico, mas leve. O power metal seguiria muito popular na Alemanha, EUA, Brasil e Japão. No Brasil, seu maior representante é a banda Angra, e seus épicos "Rebirth" e "Wishing Well". Outra grande representante nacional do gênero é a Shaman. Muitas bandas do gênero são afastadas pelos fãs de ritmos mais "extremos", já que a maioria diz que a música lembra "trilha sonora de videogame". Depois nós veremos a nova cara do power metal.

Enquanto isso, no rock mais leve, nós podiamos ver uma grande mudança de estilo no rock psicodélico, que começa a cruzar com o rock progressivo, estilo que surge como modo erudito de compôr o rock (bandas como Yes e Uriah Heep são exemplos disso). Bandas como o trio canadense Rush e o grupo inglês Pink Floyd, maravilhosa banda que usava influências blues e country com performances acústicas são exemplos dessa nova geração psicodélica. Da combinação entre o rock progressivo, o hard rock e o heavy metal, surge o prog metal, nos anos 80 representado por bandas como Dream Theater e Quensrÿche.

"O estilo sempre foi importante para nós. Nós crescemos nos anos 70. As músicas eram glam rock e punk, tudo com muito estilo.", disse Nick Rhodes, da banda Duran Duran. Com uma certa fusão de rock e pop, nós identificamos um ritmo de sucesso, o glam rock, que surge com certos artistas como David Bowie (e seu famoso ET Ziggy Stardust) e o pianista Elton John. Outra famosa é a Queen, já referida domingo passado por ter deixado uma herança musical enorme, com seu estilo entre o glam, o pop e o hard rock. Um grande representante do gênero no Brasil foi o Secos & Molhados.

Depois do glam rock, vinha o glam metal, de bandas como a já referida Kiss, conhecida pela maquiagem pesada de seus membros. Outra banda popular do gênero é a Pantera, que também girava em volta do groove metal (depois veremos isso). Outra popular banda do gênero é a banda de John Bongiovi, a Bon Jovi, que também pode ser muito comparada com o hard rock. De certo modo, o power metal da Mötley Crüe pode entrar na lista. Ainda há Quiet Riot, Twisted Sister e Poison (esta última conhecida pelo episódio em que o vocalista Bret Michaels atirou seu microfone em direção ao baixista Bobby Dall, que respondeu com um ataque com o baixo que se segue de uma briga violenta).

Voltando ao assunto, já que, no mundo do heavy metal, os ritmos mudam bastante, certas bandas começavam a acrescentar distorções mais pesadas, baseadas no hardcore punk e no speed metal. As precursoras dessa nova "onda" são bandas como Judas Priest, Iron Maiden (com o riff de "Iron Maiden") e Motörhead. Quando o ritmo começa a tomar forma, nós vemos bandas como Diamond Head e Tygers of Pan Tang fazendo sucesso. Mas o thrash só se personifica especificamente em Novembro de 1982, quando a já reconhecida banda de heavy metal Venom lança o álbum Black Metal. No mesmo mês, a primeira banda brasileira de metal, a paranaense Stress, lança um álbum homônimo, também de thrash metal primordial, com repercussão ridícula, além de censurado pela ditadura e pela própria gravadora. Adivinhe qual dos dois é citado internacionalmente como o primeiro álbum de thrash metal e está no livro "1000 álbuns para ouvir antes de morrer"...

Venom fez repercussão internacional, enquanto Stress repercutiu no Pará. Mas, falando em termos de grande sucesso, o verdadeiro thrash metal apareceria com uma frágil banda californiana em 1983.


(continua na próxima postagem...)

Próxima postagem: "Da África ao Heavy Metal (parte 6)"