domingo, 17 de abril de 2011

Grindcore

A música está cada vez mais agressiva, e, exageradas à parte, o ápice da acidez da música aconteceu nos anos 80, quando algumas bandas, principalmente as inglesas, começaram a acrescentar velocidade e vocais das bandas mais extremas da época, as do início do death metal (como Sepultura e Celtic Frost) ao crust punk, gênero mais extremo que o hardcore tinha atingido na época.

A primeira a fazer isso foi a Napalm Death, banda que conseguiu um lugar nos 1000 discos para ouvir antes de morrer com o álbum Scum, de 1987, que mostrava letras corrosivas referentes à política em geral. A capa célebre desse disco mostra dois executivos-zumbis ou o que seja com um anjo da morte, sobre uma pilha de ossos e símbolos de empresas como McDonald's e IBM. É um bom álbum, que, com músicas tão curtas, deve ser baixado todo de uma vez só e ouvido na íntegra. "Músicas curtas", eu quero dizer que eles acomodaram 28 músicas em 33 minutos. Mas isso se torna um exagero quando eles gravaram oficialmente a música-piada que fechava todos shows, "You Suffer", que entra no livro dos recordes com 1,6 segundos de duração...

Outra banda britânica que seguiu os passos da Napalm Death, foi formada por um amigo deles, a Carcass. Ela também tocava músicas muito curtas, e gostando de chocar as pessoas com a capa de seus álbuns e as letras, criou o estilo goregrind, ainda em 1989, criando nojo em frescos despreparados. Esse tema influenciaria praticamente todas bandas de grindcore que viriam depois.

A temática gore e a agressividade foram dois elementos que influenciariam o próprio death metal, que tinha dado a luz para o grindcore e, no momento, se desenvolvia paralelamente. As bandas de death metal se tornavam mais rápidas e agressivas, além de muitas delas, como a célebre/infame Cannibal Corpse, que adotaram temas gore, chocando com suas capas e mais ainda com suas letras, que fizeram seus três primeiros discos serem proibidos na Alemanha e censurados para maiores de 18 anos nos EUA. Entre esses, estava Tomb of the Mutilated, mas eu falarei sobre ele na próxima oportunidade, só digo que se você for ler a letra da segunda música do disco, você terá uma surpresa desagradável...

Enquanto o death metal desenvolvia uma pegada grindcore, o Napalm Death se tornava uma banda de death metal, mas a herança já tinha sido deixada. O grindcore já havia se propagado e estava tendo uma força maior ainda nos EUA, onde surgiam novas bandas como Pig Destroyer e Impetigo, além da banda que é difícil de ser definida como séria ou paródia Anal Cunt (ou AxCx, quando você não estiver a fim de dizer esse nome). Uma banda mexicana famosa por letras relacionadas ao México em geral e pelas letras em espanhol é a Brujería, com membros "importados" como Jesse Pintado (mexicano que tocou guitarra no Napalm Death) e Tony Laureano (baterista do Nile e Dimmu Borgir), Jeff Walker (baixista do Carcass) e Shane Embury (baixista do Napalm Death que passou para a guitarra no Brujería).

Um estilo muitas vezes confundido com o grind é o brutal death metal, estilo de death metal com vocais guturais semelhantes ao grind, ritmos ainda mais acelerados que o death e letras mais agressivas, e, é claro, brutais, gênero muito influenciado pelo grind. As melhores bandas desse gênero são a Dying Fetus (conhecida pelas guitarras técnicas e muito rápidas) e a Nile (conhecida pela temática e influência egípcia antiga).

Além do goregrind, outro estilo que também se desenvolveu foi o pornogrind. Bandas como a já referida AxCx (vamos falar assim) Cock and Ball Torture (...) e Rompeprop (o nome mais normal dessa porra) fizeram letras que misturaram a temática gore com pornografia, criando resultados às vezes musicamente bons (principalmente a Cock and Ball Torture, não me levem a mal), mas com letras muito bizarras.

O metal tem uma constante batalha entre as bandas em que elas tentam se tornar cada uma mais pesada, mais  chocante e mais fodida que a outra, mas o importante é sempre manter a musicalidade, criando uma boa música.

Próxima postagem: "A Cena Alemã"

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