domingo, 5 de dezembro de 2010

Instrumentos Clássicos no Metal

Guitarra, baixo, bateria e teclado. Esses são os instrumentos frequentemente usados no metal. Às vezes, são duas ou três guitarras. Há bandas sem baixo, muitas sem teclado, e por aí vai. Mas você já parou para dar uma olhada no que às vezes é usado para atingir o som desejado?

A primeira banda a efetivamente usar orquestras foi os Beatles, como nas músicas Hey Jude e All You Need Is Love. Mais tarde, uma banda com frequente uso das orquestras foi o Led Zeppelin, principalmente na música Kashmir, que usava uma orquestra misturada com músicos orientais e instrumentistas modernos. Ainda pouco tempo depois, nos anos 70, surgiu a onda de usar orquestras ao vivo, em bandas como Aerosmith (na música Dream On) e Deep Purple (em sua "canção-assinatura" Smoke On The Water), mas ainda era extremamente raro que uma banda tivesse um instrumento clássico em sua formação. Um lançamento que marcou profundamente o metal orquestral foi o álbum S&M, onde o Metallica gravou seus maiores sucessos com a Orquestra de São Francisco. Isso teria influenciado a primeira banda a tocar metal com instrumentos clássicos.

Na Finlândia dos anos 90, quatro estudantes da Academia Sibelius que faziam aulas para conseguir uma espécie de "diploma" em violoncelo descobriu um interesse em comum: metal. Eles começaram a, por simples diversão, montar arranjos do Metallica para seu instrumento. Em 1996, ganharam fama local e fizeram um disco. Era o Plays Metallica By Four Cellos, daquela maravilhosa banda que (já era) e se tornaria o Apocalyptica. Os membros da banda foram os primeiros a plugarem cordas orquestrais em amps de guitarra, ligando a distorção, mas só em outros álbuns, onde tocaram canções próprias.

Algumas das bandas com instrumentos clássicos são: a banda de death metal gótico My Dying Bride (que contou com vários tecladistas-violinistas ao longo de sua formação) e a espanhola de folk metal Mägo de Oz. Essa última tem um violinista, um flautista e um sanfoneiro na formação. Também há a banda de Mittelalter metal (metal medieval) In Extremo, em que o vocalista toca alaúde e ainda há três tocadores de gaita-de-foles. Mais bandas com violinos na formação são: Skyclad, Subway To Sally, Cruachan (além de vários sopros) e Eluveite (que ainda tem um bandolim, uma viola de roda e uma gaita-de-foles). A banda Waylander é outra que possue um bandolim.

Para fechar essa postagem, vamos falar sobre as únicas duas orquestras no mundo que tocam exclusivamente metal. Uma delas é a Haggard, orquestra alemã que toca algo entre o doom metal e o techdeath, com álbuns que mostram histórias, às vezes fantasiosas, às vezes biográficas. A outra é a Trans-Siberian Orchestra, que na verdade, tem mais elementos de metal, mas é acompanhada por uma grande orquestra.

O som das guitarras, do teclado, da bateria e do baixo, mesmo sendo os primordiais, às vezes não são o bastante para que o resultado desejado seja produzido. Existem tantos instrumentos no mundo, para que se limitar tanto?

Próxima postagem: "Biografia: Led Zeppelin"

domingo, 28 de novembro de 2010

A Cena Norueguesa

As bandas de metal que ouvimos costumam ser americanas, talvez inglesas, ou até nacionais. Mas, por que não algo mais... nórdico? Sim, vamos falar sobre a Noruega. É um país que passa muitas vezes despercebido, mas é simplesmente a terra do black metal. Vamos conhecer mais sobre ela nessa postagem.

O black metal norueguês é uma cena muito próspera, que começou a ser conhecida no começo dos anos 90 e tem produzido muitas bandas de sucesso. Na Noruega se desenvolveu quase que por completo a second wave of black metal, baseado em bandas de speed metal dos anos 80 geralmente chamadas de first wave of black metal, como a inglesa Venom, a dinamarquesa Mercyful Fate e a brazuca Sarcófago. Atualmente, tem uma pequena rixa com outra cena musical, o death metal sueco, que não será descrito nessa postagem, então, vamos logo conhecer as bandas desse estilo:

Uma das primeiras bandas norueguesas de sucesso (e a mais polêmica) foi a Mayhem, que surgiu em 1984 e é considerada a primeira banda da second wave of black metal (o black metal que conhecemos hoje). Em 1986, lançam a demo "Pure Fucking Armageddon". Mais tarde, depois do suicídio do vocalista (que, por acaso, se chamava Dead) em 1994, sai seu célebre segundo álbum, que pode ser considerado o primeiro álbum da 2nd wave: De Mysteriis Dom Sathanas. Infelizmente, mesmo escrevendo praticamente todas as músicas, o guitarrista Euronymous não pode ver o resultado. Em 1993, o baixista Count Grischnackh (que na verdade se chamava Varg Vikernes), abrigava o guitarrista Snorre Ruch, amigo da banda e integrante da Thorns em casa. Snorre recebeu uma ligação. Quando atendeu, era Euronymous (que na verdade se chamava Öysten Aarseth), com uma péssima proposta.

Por causa de problemas financeiros relacionados a Varg, que bancava a banda, Öysten planejava matá-lo. Snorre, amigo de Varg, deixou a conversa no viva-voz para Varg ouvir. Varg não gostou muito da ideia "Minha reação foi, naturalmente, raiva. Quem diabos ele pensava que era?". Snorre dirigiu até a casa de Öysten com Varg, que já entrou perguntando "que porra ele queria". Assustado, Öysten pegou uma faca. Varg, sem hesitar muito, o perseguiu pelo prédio, o acertando 23 vezes com uma faca que sempre levava no cinto. Varg levou 21 anos de prisão (cumprindo 15), e Snorre, 8, por ter mentido no tribunal sobre Varg, e, supostamente, sabendo que aquilo terminaria assim (mas Varg o defende até hoje). No tribunal, testemunhas também citaram o incêndio criminoso de OITO igrejas por Varg. Ele provavelmente não é um cara legal...


Fora isso, ainda é uma cena muito conturbada. Veja a banda Gorgoroth, outro grande nome no gênero. Em 2004, na Polônia, eles fizeram um show que envolveu homens nus crucificados, símbolos satanista e oitenta litros de sangue de ovelha. Na Polônia, a blasfêmia é um crime punível (veja a quase-prisão de Nergal, da banda Behemoth), o que os causou vários processos, ainda outro sobre maus-tratos de animais. Eles foram multados em 10000 zlotych (7 mil reais) por causa do incidente. Ironicamente, mesmo não se importando em despejar 80 litros de sangue animal no palco, o vocalista, Gaahl, é vegetariano. Esse mesmo Gaahl levou 1 ano e 2 meses de cadeia (só cumprindo nove)  e uma multa de 190 mil coroas (50 mil reais) por prender um homem, torturá-lo, coletar seu sangue e fazê-lo beber. Depois, alegou legítima defesa. (?)


Outra banda de grande sucesso do gênero é a Satyricon, dupla formada por Satyr e Frost, que foi a primeira a gravar por uma multinacional (EMI) para conhecê-los, ouça a música "Mother North", exemplo de seu estilo. Ainda há a Immortal, banda onde ficou o baterista Hellhammer (Jon Blomberg) por um ano antes de restaurar o Mayhem. Ela tem um som épico e melódico, principalmente na música "All Shall Fall".


 Outras duas bandas norueguesas de black metal muito conhecidas são a Emperor (conhecida pelos seus covers sinfônicos de bandas de black e speed metal, como de "Gypsy" de Mercyful Fate e "I Am The Black Wizards" de Mayhem) e Enslaved (banda com influências progressivas que fazem músicas pesadas, mas bonitas, como "As Fire Swept Clean The Earth").  Outra banda relativamente nova que está fazendo sucesso é a Dimmu Borgir, banda que faz um estilo conhecido como black metal sinfônico, como Emperor, por causa de sua música melódica, com arranjos de teclado e guitarras muito bem-elaborados. Essa banda é conhecida por produzir, ao mesmo tempo, um som pesado, épico e melódico.


Se você quiser conhecer a Gorgoroth, ouçam a música "Carving a Giant". Já Mayhem, merece que seu álbum De Mysteriis Dom Sathanas seja ouvido na íntegra, com destaque na música "Freezing Moon", tanto na versão cantada pelo suicida Dead quanto pelo substituto Attila Csihar. Para conhecer o estilo muito obscuro, um pouco industrial (conhecido como black ambient) de Burzum (projeto solo de Varg), ouça o álbum Filosofem, com destaque nas duas primeiras faixas: Burzum e Jesu Död, ou na versão alemã (Dunkelheit e Jesus' Töd). O importante é só reconhecer o poder musical desse país ignorado pelo mainstream.


Próxima postagem: "Instrumentos Clássicos no Metal"

domingo, 21 de novembro de 2010

Lista: 40 anos, 40 músicas de metal

O heavy metal se desenvolveu lentamente por muito tempo, mas, ao escolher uma data, dou 13 de Fevereiro de 1970. Foi quando foi lançado o primeiro álbum da banda Black Sabbath (homônimo). A partir daí, ele foi desenvolvendo seus sucessos lentamente até chegar a o que é hoje. Foram quarenta anos, então, nada mais justo que dar uma música para cada um...:

'70 - Iron Man - Black Sabbath
'71 - Stairway To Heaven - Led Zeppelin
'72 - Smoke On The Water - Deep Purple
'73 - Dream On - Aerosmith
'74 - Rocka Rolla - Judas Priest
'75 - TNT - AC/DC
'76 - (Don't Fear) The Reaper - Blue Öyster Cult
'77 - Xanadu - Rush
'78 - Eruption - Van Halen
'79 - Overkill - Motörhead
'80 - Mr. Crowley - Ozzy Osbourne
'81 - The Mob Rules - Black Sabbath
'82 - The Number Of The Beast - Iron Maiden
'83 - Bark At The Moon - Ozzy Osbourne
'84 - Rock You Like A Hurricane - The Scorpions
'85 - Madhouse - Anthrax
'86 - Master Of Puppets - Metallica
'87 - Sweet Child O' Mine - Guns N' Roses
'88 - One - Metallica
'89 - The Pass - Rush
'90 - Painkiller - Judas Priest
'91 - Enter Sandman - Metallica
'92 - Fear Of The Dark - Iron Maiden
'93 - Refuse/Resist - Sepultura
'94 - Blind - Korn
'95 - The Sign Of The Cross - Iron Maiden
'96 - Bulls On Parade - Rage Against The Machine
'97 - Fuel - Metallica
'98 - Sugar - System of a Down
'99 - Wait And Bleed - Slipknot
'00 - Fallen Angel - Iron Maiden
'01 - Chop Suey! - System of a Down
'02 - Everyday - Bon Jovi
'03 - Stillborn - Black Label Society
'04 - Amerika - Rammstein
'05 - B.Y.O.B - System of a Down
'06 - Through The Fire And Flames - Dragonforce
'07 - Evolution - Korn
'08 - Psychosocial - Slipknot
'09 - Ov Fire And The Void - Behemoth
'10 - El Dorado - Iron Maiden

A lista tem algumas músicas de hard rock que se "aproxima" do metal, mas fora isso, é metal puro. Antes de você sair falando que a banda x ou y que você tanto ama merecia mais músicas na lista, lembre-se que algumas bandas, como Guns n' Roses e Black Sabbath, tiveram suas melhores músicas lançadas em um único álbum, ou seja, no mesmo ano. Se você não teve saco para ler tudo, veja aqui o resumo do que a lista fala:

Estatísticas

Por Banda
  1. Iron Maiden - 5
  2. Metallica - 4
  3. System of a Down - 3
  4. Black Sabbath, Korn, Ozzy Osbourne, Judas Priest, Rush, Slipknot - 2
  5. AC/DC, Aerosmith, Anthrax, Behemoth, Black Label Society, Blue Öyster Cult, Bon Jovi, Deep Purple, Dragonforce, Guns N' Roses, Led Zeppelin, Sepultura, Motörhead, Rage Against The Machine, Rammstein, The Scorpions, Van Halen - 1

Por País
  1. EUA - 20
  2. Inglaterra - 14
  3. Alemanha, Canadá - 2
  4. Austrália, Brasil, Polônia - 1

Por Estilo
  1. Heavy metal - 12
  2. Hard rock - 11
  3. Alternative/Nu metal - 9
  4. Thrash metal - 5
  5. Black metal, Death metal, Power metal, Speed metal - 1
Próxima postagem: "A Cena Norueguesa"

Nota: É, são 41 músicas, mas deixa assim...

domingo, 14 de novembro de 2010

Os Pais do Punk Rock

O que é o punk rock? Música? Atitude? Ou seriam os dois? O punk é um dos estilos atuais de maior sucesso, um estilo que usa (geralmente) uma base simples apoiando letras com muita atitude rebelde. Há quem diga que é um estilo americano, mas há quem fale de suas raízes na Inglaterra. Quem está certo?

Inspirados em pioneiros do hard rock e surf music, como The Who, The Kinks, The Doors e Trashmen, quatro jovens da periferia de Nova Iorque, com instrumentos baratos, surgem do underground americano direto para as paradas. Eram os Ramones, a banda que fez, e até hoje faz (mesmo acabada) sucesso com três ou quatro acordes básicos, melodia simples, mas muita música. Era o movimento punk nova-iorquino, que formou e ainda forma muitas bandas de sucesso. Mas, será que essa era a primeira banda punk? Há quem duvide...

Como uma jogada de marketing bem-sucedida, Malcom McLaren, estilista da grife SEX, cria a banda Sex Pistols, com quatro jovens de classe média, mas somente para promover suas roupas, com o tempo, as letras ácidas, agressivas e iconoclastas misturadas às melodias simples fizeram mais sucesso que a própria grife. Ao contrário dos Ramones, que foram aclamados pela crítica geral, os Pistols foram reprovados, até a ponto da rainha proibí-los de tocar em solo inglês (começaram a tocar em barcos nos rios...)

Tanto o primeiro single dos Pistols ("Anarchy In The U.K.") quanto o dos Ramones ("Blitzkrieg  Bop" ou, como muitos conhecem, "Hey, ho! Let's go!") foram lançados no mesmo ano, 1976. O single dos Ramones é meio ano mais velho, mas, nenhum single dos Ramones chegou ao top 100 de vendas antes do terceiro álbum ('77), o que elimina grande parte das chances de qualquer Pistol ter ouvido a música e se baseado nela (considere que naquela época, era foda procurar o álbum de uma banda underground, não era só jogar o nome dela no myspace). Além disso, ouça as duas músicas. Tente comparar a base groovy e as letras sobre coisas como amor e infância com a acidez nas letras e ritmo dos Pistols. Duas músicas totalmente diferentes. Então, isso nos leva a pensar: o que é o punk?

Ora, se, paralelamente, surgiram os dois pais do punk rock, nós podemos ver o quanto o punk é um estilo indefinido, a síntese da rebeldia. Suas bases simples, mas envolventes, evoluiram, levando essa cena para o mundo todo. Os anos 70 foram o desenvolvimento do punk rock, onde ainda apareceriam bandas como The Clash (a frase épica "Should I stay or should I go"). Com o tempo, o punk foi se tornando mais rápido, bruto e sujo, fazendo surgir o hardcore punk.


Os anos 80 viram o surgimento de bandas como Dead Kennedys e Black Flag, bandas de esquerda cujo som parecia ter sido gravado em qualquer garagem aí. O hardcore punk alimentou novos "braços", como o metalcore/thrash (bandas como Bullet For My Valentine e Trivium), o grindcore (um dos estilos mais pesados da música, veja Napalm Death), o crossover thrash  (que depois evoluiria para os estilos mais pesados de metal, com bandas como a brazuca Ratos de Porão) e o horror punk (estilo de bandas como Misfits, Murderdolls e Samhain, que misturam hardcore punk com rock clássico em tom assustador).


Mas, enquanto alguns artistas rumavam para o lado mais extremo, outros estava no "calm down", o que faz com que apereça o post-punk, estilo progressivo do punk com influências do glam rock. Algumas de suas bandas são The Cure, Joy Division e Devo. Paralelamente, veríamos o surgimento de outro "ramo", o new wave, com um jeito mais eletrônico e bandas como A-Ha, Duran Duran, Depeche Mode, Talking Heads e Eurythmics. Post-punk e new wave progrediriam com novos ramos musicais...


Derivado do post-punk, teríamos o rock gótico (bandas "negras" como Fields of the Nephilim, Dead Can Dance e Bauhaus), o rock alternativo (aquelas bandas mais "moderninhas", como Green Day, Coldplay, 30 Seconds to Mars, Simple Plan...), o indie rock (bandas com som moderno, independente e inventivo, como Oasis, Modest Mouse e Arctic Monkeys), o post-punk revival (Franz Ferdinand, The Killers, Interpol, The Strokes ...), e, com pesadas influências do pop rock, cagando reinventando tudo, o emo. Você sabe o que é, você sabe que eu sei o que é, e não se fala mais nisso...


Nós vimos um resumão do que é o punk, mas, tenha consciência de que isso não é nem metade da história toda. A história do punk continua, e não dá para colocar tudo numa página só...


Próxima postagem: "Lista: 40 anos, 40 músicas de metal"


Nota: Sim, eu atrasei de novo. Estou no final do ano letivo, e precisei dar um tempo no computador. Agora, o blog voltará totalmente à normalidade. Até domingo.

domingo, 31 de outubro de 2010

A Importância das Letras

Uma música sempre é, basicamente, o resultado de três elementos: melodia, letra e performance. Às vezes, muitos músicos entram com letras e elas se tornam uma música, como eventualmente fazem artistas como Pink Floyd, Iron Maiden e Eric Clapton. Mas o mais comum é que primeiro seja construída a melodia. Depois, vem uma letra que se encaixe. Nesse "depois", pode haver desde umas palavras que soem bem e façam sentido até um belo poema. Mas para que uma boa letra?

Até antes da idade média, praticamente todas as músicas tinham como letra algum tipo de louvor a alguma divindade. Mas, com os artistas de rua na idade média, começam a ser comuns as letras baseadas em amor, folclore e problemas sociais. As óperas trouxeram, pela primeira vez, letras que contavam histórias completas, além de serem das primeiras músicas a falarem abertamente sobre política, em algumas delas, mesmo a maioria falando sobre amor, dramas, heróis e reticências. Agora que já expliquei as origens, vamos direto ao ponto:

As letras atuais de metal, ao contrário do que você pensa, têm a mesma base de sempre: sociedade (nisso incluo política, pessoas, violência, guerras, revolução, [in]justiça, ...), coisas misteriosas (morte, escuridão, satã, sobrenatural, magia, ...)  e sentimentos reprimidos ([frustração no] amor, raiva, solidão, agressividade, depressão, ódio, medos, ...), e, como postei em agosto, histórias que se originam da cultura geral. Aí incluo: literatura (como "For Whom The Bell Tolls" do Metallica, todo o 9o e 10o álbum do Sepultura e "Bron-Y-Aur Stomp" do Led Zeppelin), filmes ("Your Soul Is Mine" do Mushroomhead, "Welcome Home (Sanitarium)" do Metallica e "Bring Your Daughter To The Slaughter" do Iron Maiden), folclore ("(Don't Fear) The Reaper" do Blue Öyster Cult, "The Battle Of Evermore" do Led Zeppelin, "Herr Mannelig" do In Extremo e "Trollhammaren" do Finntroll), fatos históricos (inúmeras músicas de bandas como Iron Maiden e Judas Priest) e até religiões antigas (praticamente todas as músicas da Finntroll, Amon Amarth, Burzum, Báthory, Primordial, entre várias outras).

Ao analisar bem certas letras, você pode perceber bem que certas bandas, principalmente as que têm o som girando em volta do guitarrista, não se importam muito com suas letras. Aquelas com um guitarrista super virtuoso, que escreve a melodia e a letra. Muitas ótimas bandas de hard rock são assim (sem querer generalizar). Enquanto isso, algumas bandas chegam ao ponto de manter um letrista, como Trans-Siberian Orchestra (seu produtor Paul O' Neil) e Finntroll (seu ex-vocalista Katla, depois de um tumor na garganta).

Algumas bandas são muito engajadas com a causa x e a causa y, demonstrando isso em suas letras, como Rage Against The Machine (banda de extrema-esquerda, que causou polêmica em 2005 ao defender o exército Zapatista, e, recentemente, deixou a Globo mal, que os cortou quando seu guitarrista pôs um boné do MST e depois voltou com desculpas esfarrapadas) e System of a Down (o reconhecimento do genocídio armeno e a proteção aos que se encontram em meio a uma guerra) e a banda de hardcore punk Dead Kennedys (socialismo e fim do autoritarismo).

E, quanto a controversa classificação do gênero musical a partir das letras, há uma divisão clara entre os que concordam e os que discordam com "gêneros" como: white metal (cristianismo), pagan metal (paganismo), trick metal (paródia) e viking metal (vikings, esse é o mais apoiado como gênero de verdade). As letras também podem fazer um contraste com o jeito de cantá-las que define o gênero. Ainda há quem ache que a banda suíça Mercyful Fate, conhecida pelas "oito vozes de King Diamond", pode ser considerado black metal por causa de suas letras malignas, mesmo sendo essa banda mais leve do que o velho Metallica (eu poderia passar horas aqui falando sobre a grande diferença entre first wave e second wave do black metal, mas isso tiraria o tópico da linha de raciocínio). Também há quem classifique Black Sabbath como doom metal só por causa de suas tristes e melancólicas letras satânicas, mesmo esse gênero só surgindo no fim dos anos 80.

Você também pode ver uma tendência nas letras de cada um. Por exemplo, a maioria das bandas de black metal e death metal mainstream têm suas letras voltadas para ocultismo, guerra e morte (mesmo não sendo todas) e o folk metal tem, necessariamente, suas letras voltadas para folclore e paganismo. Muitas das músicas de power metal têm letras épicas (como Angra, Helloween, Blind Guardian e Dragonforce), assim como seus precursores (como Dio e Iron Maiden). O hard rock e o glam metal têm uma proximidade muito grande nas letras, com temas que costumam voltar à era "Sexo, drogas e rock n' roll" (principalmente rock n' roll). De qualquer jeito, também há os dois extremos de importância das letras. Vamos começar pelo mínimo:

É o rock instrumental, que começou a fazer sucesso com os longos solos de guitarra gravados pelo guitarrista Link Wray, que, com sua técnica, influenciaria pesadamente o surf rock.  O metal progressivo também apresentou vários trabalhos instrumentais, com bandas como Rush, King Crimson e Dream Theater. O maior expoente desse gênero é o Planet X, banda sem vocal que toca prog metal com influências pesadas de jazz fusion. Um outro gênero é o shred, solos (ou batalhas) de guitarra extremamente rápidos com influências da música clássica, com guitarristas como Steve Vai, Yngwie Malmsteen e o brasileiro Tiago Della Vega (simplesmente, o guitarrista mais rápido do mundo).

Outro extremo, mesmo não tendo se fixado como gênero, é o spoken word. Consiste simplesmente da letra "falada" (sem melodia), com ou sem (geralmente sem) um instrumental no background. Na verdade, esse gênero nunca foi muito usado no metal, só muito raramente, em músicas como To Live Is To Die (Metallica). Ele é muito mais popular em soul, blues ("spoken blues"), e, principalmente, nos primeiros rappers.

Resumindo tudo, as letras podem ou não ser signnificativas, de acordo com quem as escreve e quem as canta. Você já parou para perceber a letra que aquele artista que você tanto gosta escreveu? E já pensou em seu significado? Já?

Próxima postagem: "Os Pais do Punk Rock"

Nota: Sim, agora eu definitivamente voltei do meu hiato de um mês e o blog voltará à normalidade.

domingo, 3 de outubro de 2010

Preconceito Contra o Heavy Metal

Como falei nas minhas primeiras postagens, o metal sempre se envolveu com drogas e ocultismo, simplesmente sujando seu nome. O ser humano tem uma tendência natural a pensar nas coisas mais deteriorantes o possível. Quando você está quase convencendo aquele seu vizinho evangélico que metal não é satânico, ele descobre sobre o morcego do Ozzy e é como se tivesse jogado bosta no ventilador. Punk rockers, funkeiros, pagodeiros, emos, happy "rockers"... Todo gênero musical sofre preconceito, mas, esse é um blog de metal, então, vamos começar.

Mesmo a palavra "preconceito" tendo um certo peso, vamos usá-la aqui. Desde antes do metal, quando só havia o style e a atitude dos motoqueiros, eles sempre eram "os violentos" na concepção das pessoas em geral. Quando o metal ainda estava ovulando com Steppenwolf, que usava temática lírica da liberdade dos motoqueiros (sua música "Born To Be Wild" é quase um hino), e quando foi criado o visual da banda Judas Priest, ainda nos primórdios do gênero, era algo muito relacionado a essa atitude má que era enxergada nos motoqueiros.

O ocultismo (às vezes realmente, às vezes falsamente praticado pelos músicos do metal em geral, como falei na postagem de Junho, acesse ela no arquivo para entender melhor o assunto) e o satanismo sempre foi relacionado com os headbangers (fãs de metal com estilo e atitude, 1 em 1 milhão hoje em dia, confesso que eu mesmo não sou), principalmente graças às letras de Judas Priest e Black Sabbath. Mais tarde, de Iron Maiden e Venom. O satanismo e os fãs do estilo nunca andaram (necessariamente) juntos. Mas esse não é o pior que existe.

Como falei em uma postagem de Julho, as drogas, muito usadas por uma legião de músicos, também são associadas aos fãs. Várias bandas limpas das drogas ilícitas chegaram "lá", como Kiss, System of a Down (há controvérsias) e Judas Priest, sem contar com aquelas que se envolveram somente com álcool, como Iron Maiden e Metallica. Enquanto isso, várias não resistiram, como Black Sabbath, Slipknot, Guns n' Roses, Led Zeppelin, AC/DC, Ozzy Osbourne e Motörhead. Há muitos casos de overdoses no mundo do hard rock e metal, mas, se você pensar bem, você verá casos de astros do pop (Michael Jackson) e do blues (Janis Joplin).

Outro tipo de preconceito brota da simples ignorância, vinda de pessoas que logo associam o "metal" ao seu 10 % de bandas de sucesso que toca black e death metal, logo associando a gritos e coisas malignas. Uma frase muito ignorante que já ouvi pessoalmente, e provavelmente muitos outros fãs de metal já ouviram algo parecido foi "Eu não sei como alguém pode parar o que está fazendo para ouvir uma pessoa gritando.", um dia depois da morte de Ronnie James Dio. Quem aqui conhecer de Rainbow, Dio ou Black Sabbath (nono, décimo e décimo-sexto álbum) saberá o tamanho do erro de quem falou esta frase. O metal, e, às vezes, em um patamar maior ainda de ignorância, o próprio rock, é vinculado à música Scream o' Rama ("gritando toda hora"), concentrada nos estilos black e death metal, além do Screamo (que é mais próximo do punk que do metal), estilos não necessariamente ruins, mas usados como rótulo pelos ignorantes.

Um dia desses li um caso muito particular na internet, onde um aluno conta ter sido suspenso e ter ido para a casa com um bilhete escrito: "lendo revista de roque". Ora, não que o idiota esteja certo de ler durante a aula, mas ao falar o tema da revista, é insinuado que, ao ser pego com uma Super Interessante ou uma Galileu, a punição seria menor. Existem vários headbangers  que não podem reclamar, já que maltratam emos e pagodeiros, mas, quanto aos que tratam as outras pessoas bem, merecem ter das pessoas ao redor o reconhecimento que o fã do metal é uma pessoa como outra, que não acha divertido assustar menininhas, não é altamente sádico com tendências psicopatas e não põe bebês na vitamina (quero dizer, pelo menos não necessariamente).

Aguardo com ansiedade o dia onde headbangers punk rockers pararão de ser tachados de perturbados, rappers de violentos, emos e góticos de deprimidos, happy "rockers" de alienados, funkeiros de criminosos e pagodeiros de bêbados. Pagode, samba, funk, emocore, punk e heavy metal. Todos nós somos seres humanos, então respeitem e sejam respeitados.

Próxima postagem: "A Importância das Letras"

domingo, 26 de setembro de 2010

Da África ao Heavy Metal (parte 8)

Em 1992, passeando por um estúdio e procurando um lugar para cantar nas horas vagas, o libanês residente em Glendale (Califórnia) Serj Tankian, reconhece um aluno da sua antiga escola (Rose and Alex Pilibos Armenian School), Daron Malakian. Juntos, descobriram interesses musicais em comum, além de semelhanças culturais, já que ambos eram filhos de armenos. Com Serj no teclado e Daron na guitarra, ambos alternando no vocal, chamam dois amigos da escola para se integrarem: Shavo Odadjian como empresário e Dave Hakopyan no baixo. Procuram um baterista e acham Domingo Laranio. Com o tempo, Shavo iria para a segunda guitarra. Em 1994, Dave e Domingo saem, e seus integrantes remanescentes colocam Shavo no baixo e chamam Ontronik Khachaturian para a bateria, depois substituído por John Dolmayan por causa de uma lesão na mão. Depois desse troca-troca, a ex-Soil ainda gravaria cinco discos, se destacando no novo heavy metal, graças às suas influências psicodélicas, com passeios pelo jazz e a música oriental. Era o System of a Down, agora em "férias" desde 2006 e com boatos sobre um suposto retorno até não poder mais. Com seu espírito expermimental e seus tempos estranhos, é dhamado "metal alternativo", junto de bandas como Nine Inch Nails e Rage Against The Machine.

O outro destaque dessa nova era nos leva a Des Moines, capital do Iowa, centro rodoviário do interior dos Estados Unidos. Em 1994, a banda Painface se separa, depois da saída do guitarrista Patrick. Logo, o vocalista Anders e o baterista Shawn pegam na percussão, enquanto o segundo é substituído na bateria por Joey Jordison e Paul Gray segue como baixista. Para substituir Patrick, entram Josh Brainard e Donnie Steel. A banda faz uma mistura louca de Sepultura, Primus e Black Sabbath. A banda grava uma fita demo. O guitarrista Donnie larga a banda por motivos religiosos e é substituído por Craig Jones, que em questão de semanas vira DJ e é substituído por Mick Thomson. Anders sai quando é movido para o vocal de apoio pelo novo membro Corey Taylor. Para ficar na percussão em seu lugar, entra Greg Welts. Outra demo. Greg foi sair por sair com a irmã de Joey Jordison e é substituído por Cris Fehn. Josh sai por pedido da família e é substiuído por Jim Root. Entra um DJ extra, Sid Wilson. Está contando? Aposto que não, mas são 9 membros. Todos eles no primeiro álbum, homônimo, dessa grande banda que é o Slipknot, de 1999. Essa formação fixa permaneceu com máscaras assustadoras. Desde Julho, a banda permanece inativa, por causa da morte do baixista Paul Gray, depois de uma overdose de remédios para o coração.


Além dessas duas bandas, outro movimento dentro do heavy metal que deve ser citado é o metal industrial. Esse estilo surge quando cruza-se aquele punk e o metal com a música industrial, aquela música barulhenta eletrônica. As suas precursoras são Metallica, Faith No More, Danzig, Celtic Frost, e, principalmente, Korn, que, mesmo sendo posterior ao movimento, mudou o curso do gênero. Uma das primeiras bandas do gênero poderia ser o Nine Inch Nails, projeto do músico Trent Reznor que começou a usar samples e teclado em suas músicas. Outras bandas famosas do gênero foram Ministry (nos últimos álbuns) e Godflesh. Hoje em dia, os principais representantes do gênero são Marilyn Manson (de longe,o artista mais polêmico do heavy metal atual) e Rammstein, banda alemã de vocalista operático que alto-intitula sua música como tanzmetall (heavy metal dançante), também muito polêmica, mas, ao contrário de Marilyn Manson, Rammstein cria polêmicas em suas performances e clipes bizarros, enquanto Marilyn (mesmo também não tendo os shows e clipes mais lindos do mundo) cria mais suas polêmicas em sua vida pessoal, como quando removeu 2 pares de vértebras para... *Eu não vou falar sobre essa merda aqui. Eu tenho nojo e horror disso, e te recomendo não procurar no Google.* Também, com menos sucesso, há o death metal industrial (com a brasileira Nailbomb e a Fear Factory como maiores bandas) e o black metal industrial (100% underground, a maior do gênero é a francesa Blut Aus Nord).


Outro movimento importante foi o metalcore, junto com o metalcore melódico. Esse gênero, com Sepultura como o precursor, mesmo sendo mais antigo, só ganhou importância com os dois primeiros álbuns de Avenged Sevenfold, que depois abandonaria o gênero, que seria  preservado pela americana Trivium e a galesa Bullet For My Valentine. Mesmo sendo um estilo muito popular e o mais promissor da atualidade, ele ainda é muito criticado pelos mais puristas dentro do heavy metal, que geralmente acham semelhanças com o emo onde não existe. *Mais puristas dentro do heavy metal = chatos que não aceitam que as bandas mais "trues" pararam de aparecer e criticam até os novos lançamentos de suas bandas favoritas. Se você é esse tipo de fã, desliga o rádio, pega seu iPod, baixa o que for mais true para você e fica quieto.*


Outro novo sucesso é o power metal mais épico, que, baseado principalmente nas bandas Helloween e Angra, surge com bandas como a irlandesa Rhapsody of Fire e a holandesa Epica. Mas, junto disso, ainda há a banda internacional formada pelo coreano Herman Li e o inglês Sam Totman (ambos ex-integrantes da banda neozelandesa Demoniac) nas guitarras, o ucraniano Vadim Pruzhanov tocando diversos instrumentos eletrônicos, o sul-africano ZP Theart (agora fora da banda, que procura um novo vocalista), os franceses Fréderic Leclercq (baixista que substituiu os ingleses Diccon Harper e Adrian Lambert) e Didier Almouzni (baterista, depois substituído pelo escocês David MacKintosh). Esse festival de nomes bizarros resultou na banda nomeada por fãs como a mais rápida do mundo, a Dragonforce, som que parece uma música de videogame distorcida e com vozes épicas.


Outro estilo que surgiu foi o metal gótico, influenciado por bandas como Celtic Frost (ela de novo!) , Christian Death e Samhain. Inspirados no rock gótico e na música erudita, surgem bandas que fazem um som maléfico, com ênfase no baixo e vocais diversos. Um estilo vocal muito usado pelo gothic metal é o feminino, em bandas como Epica, Evanescence e Nightwish (todas as três bem próximas do power metal). Outro é o beauty and the beast, com um assustador contraste entre as vozes guturais do black metal e belas e suaves vozes de uma soprano feminina, inaugurada pela Theatre Of Tragedy e usada por Tristania e Sirenia, além de bandas que convidam mulheres para cantar, como The Cradle Of Filth e a portuguesa Moonspell. Esse estilo chegou até a sair do gótico e chegou até à banda Distorted (falaremos dela no próximo parágrafo). Ainda há os puramentes guturais, como em algumas músicas da Moonspell e na Cradle Of Filth sem mulheres. Outro estilo são os vocais chorados masculinos, usados por bandas como My Dying Bride e Type O Negative, essa última, tendo como vocalista e baixista o falecido Peter Steele (primo de 4o grau de Stálin), que morreu esse ano, junto com uma das mais belas vozes do heavy metal, caracterizada pelo seu estilo entre o baixo e o barítono.


Outro estilo atual é o folk metal, nada mais, nada menos, que o heavy metal misturado com músicas folclóricas. Ele começa no Brasil, mas, infelizmente, com músicas não-brasileiras (isso seria interessante), mas com influências celtas em bandas como Tuatha de Danann, de Varginha. Não tarda para que os alemães
comecem a gerir bandas como a In Extremo (que usa influências e instrumentos medievais para tocar heavy metal) e a Corvus Corax (mais medieval que heavy metal, mas ok). Outras boas bandas do gênero são Subway to Sally, Tanzwut, Letzte Instanz, The Meads of Asphodel (black metal) e Skyclad (thrash metal). Com bandas como as israelitas Melechesh ("a banda mais anticristã do lugar mais sagrado do mundo", para Garry Sharpe-Young), Distorted (que incorpora um estilo gótico) e Orphaned Land (prog metal) e a cazaque Ulytau. Os povos andinos ainda influenciariam bandas como Tenochtitlan (russa) e Chaska (peruana). O viking metal, ritmo predominante na Noruega e Suécia, seguidor de Báthory, mesmo muitas vezes não tendo influências folclóricas pode aqui ser citado como folk metal por causa de sua temática, com bandas como Amon Amarth, Týr e Moonsorrow. Ainda existem várias bandas únicas, que misturam ritmos específicos  ao heavy metal. Podemos ver nesse grupo a finlandesa Finntroll (humppa, tipo de dança finlandesa), a singapuriana Rudra (música védica da Índia), a portuguesa Moonspell (banda gótica com influências do fado no primeiro álbum), a brasileira Braia (MPB!), e, uma banda brasileira muito underground que aqui quero destacar, a florianopolitana Austhral, que mistura ritmos gaúchos como chamamé e xote com o black metal.


Aqui estou falando do heavy metal atual, mas agora reservo um espaço para falar de um ritmo muito cult que surgiu nos anos 90. Ele aparece quando as bandas inglesas começam a fazer um som alternativo como o do U2, mas mais calmo. Surge o britpop, com bandas como Blur e Oasis, que ganham o cenário internacional facilmente. Esse estilo, no início fez uma música calma que agradava a todos os gostos, mesmo não sendo o estilo mais popular. Mas, depois de um tempo, veio a segunda geração, com um estilo mais mainstream que nunca, mais pop que rock, tão popular que influenciaria bandas do mundo todo e se tornaria mais cult do que o rock em si, mesmo 99,99% de suas bandas fazerem um único sucesso e voltarem para casa. Esse estilo é tão popular que sai da Inglaterra, influenciando bandas do mundo todo.


O britpop pode ser considerado a última cena regional. A internet torna o mundo globalizado até musicalmente. Se eu invento um estilo aqui e posto no meu Myspace, um japonês pode acrescentar algo nele, influenciando diversas bandas e criando um estilo regional no interior da Áustria, influenciando as músicas de uma banda americana que faz sucesso no Youtube e é considerada a inventora do gênero. Mesmo assim, nunca se esqueça: a música é arte. E a arte é eterna.




Próxima postagem: "Preconceito contra o heavy metal"

Nota: Acabei a série sobre história do rock. Agora, voltarei ao ritmo normal, já que  usei aquele tempo para recauchutar as ideias.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Da África ao Heavy Metal (parte 7)

"Eu procurava por algo muito pesado, mas ao mesmo tempo melódico. Diferente de heavy metal, outra atitude..." Quando, em 1987, em Seattle (Washington) o vocalista e guitarrista Kurt Cobain, o baixista Krist Novoselic e o baterista Aaron Burckhard, fãs de punk, heavy metal e muitas drogas, formam a banda Nirvana. No começo, o som deles ofende os mais puristas. Mas, com o tempo, as pessoas começam a se familiarizar com seu som. O baterista foi trocado várias vezes, inclusive ouve uma tentativa de chamar um segundo guitarrista (que só durou 6 meses) rolaram, mas eles só pararam de trocar quando algo aconteceu. Esse "algo" era Dave Grohl, um dos melhores bateristas de todos, e o primeiro talento nesse novo estilo que era o grunge, com suas letras ácidas. O lema de Cobain era "Melhor morrer que ser maneiro", mostrando sua postura foda-se-tudo.

Kurt se mataria em 1994 com um tiro de espingarda, mas isso é outra história que vamos pular, já que não matou sua música. As influências de Kurt se estenderiam por diferentes ramos de rock, basicamente, o alternativo e um novo gênero, chamado post-grunge, com seus maiores representantes sendo Foo Fighters (com o ex-baterista do Nirvana Dave Grohl, que, como vocalista e guitarrista é um grande batera) e a banda de hard rock Creed. O grunge também seria uma das várias bases de um gênero atual que veremos depois de alguns parágrafos.

Depois do black metal, ainda haveria uma nova vertente. É o death metal, estilo "gritado" de heavy metal, com vozes extremamente agudas. Começa com a banda Death, que também tem o estilo chamado "techdeath", por causa de suas influências rasas na técnica do jazz. Entre as poucas bandas que seguem esse estilo techdeath, encontramos Cannibal Corpse e Nile. Mas, no death metal em geral, várias bandas seguem o estilo, como Morbid Angel, Amon Amarth (seguindo a temática viking de Báthory) e Arch Enemy (uma das únicas com uma mulher no vocal). Com o tempo, surgem bandas de blackened death metal, misturando black, e death metal. Entre elas, vemos Behemoth, uma das bandas mais blasfemas do mp3. Ao mesmo tempo, no Brasil, a banda Sepultura, já citada aqui como thrash e groove metal, passeava pelo death metal, a ponto de ser citada pela MTV americana como "talvez a banda mais importante do heavy metal dos anos 90". Enquanto isso, dentro de uma bolha de rock e música boa em geral, o mundo festejava. Enquanto isso, um terrível gênero rastejava para tomar seu poder. E seu nome é emo.

Essa praga aparece depois que o New Age se torna mais moderno. Não vou citar o nome de nenhuma banda aqui, afinal, não importa o quão emo é a banda, seus fãs nunca admitem esse fato. Esse estilo (*praga*) chegou ao Brasil recentemente, até sair de moda e retornar com roupas coloridas e o pseudônimo de happy rock. Mas, para não causar polêmica, vou parar por aqui, antes que eu vomite.

No Brasil, começam a aparecer bandas de rock lento que fazem grande sucesso, como Detonautas, Skank, Capital Inicial e Charlie Brown Jr. Outro sucesso é a cantora cover Cássia Eller. Também, em um festival de experimentações extremas e loucas, a banda Pato Fu, para deixar qualquer especialista em música com dor de cabeça com seu estilo raro e inclassificável. Mas, o destaque vem do Nordeste.

Francisco de Assis França era um vendedor pernambucano de caranguejos, que gastava grande parte de seu dinheiro para ir a bailes funk e baladas hip hop. Então, sua banda, Loustal, conhece o bloco de percussão Lamento Negro. Então, a Loustal ganha um baterista e quatro percussionistas. Com o som baseado no funk americano e hardcore punk com influências de ritmos como samba de coco, frevo, e, principalmente, maracatu, renovam o estilo brasileiro da música nordestina. Depois da morte de Chico Science, a banda segue com o alfaieiro (tocador da percussão alfaia) (Pixel 3000, agora Jorge dü Peixe) no vocal.

Enquanto isso, nos EUA, já que a banda dos Big Four Anthrax fizera sucesso tocando "Bring The Noise" com o rapper Chuck D no vocal, algumas bandas passaram a usar influências de rap e hip hop para compor, como o Limp Bizkit e o Linkin' Park. Outra, mas que também foi incrementada com algumas influências grunge é a banda Korn. Este é o nu metal, ou New Wave of American Heavy Metal. Outra banda do gênero é a Slipknot, conhecida pela imagem demoníaca de seus membros. Outras duas bandas americanas atuais, mas sem influência nenhuma do rap, a fazer sucesso, abrirão o desfecho dessa série de postagens semana que vem.






(continua na próxima postagem...)

Próxima postagem: "Da África ao Heavy Metal (parte 8)"

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Da África ao Heavy Metal (parte 6)



Em 1981, o dinamarquês Lars Ulrich, residente em Los Angeles, põe no jornal o aviso: "Baterista procurando por músicos metaleiros interessados em tocar Tygers of Pan Tang, Diamond Head e Iron Maiden". O primeiro a responder foi o guitarrista e vocalista James Alan Hetfield, da banda Leather Charm. Depois, Lars ainda receberia em sua banda o guitarrista Lloyd Grant (que sairia em alguns meses e substituído por David Scott Mustaine) e o baixista da Leather Charm, Ronald McGovney. Depois de um tempo, nervoso por ter que aguentar o bullying de David (incluindo um espisódio em que David encharcou seu baixo e o fez levar um choque), Ronald sai da banda. Kirk Lee Hammet também foi tocar guitarra, com a saída (expulsão) de Dave, devido ao seu problema com a bebida.


O destino dessa conturbada banda? Metallica. O substituto de Ronald, Cliff Burton (depois morto em um terrível acidente de ônibus), é considerado até por fãs de bandas totalmente diferentes do Metallica um dos melhores do mundo, apesar de ser o 30º para a Rolling Stone. Kirk é o 11º melhor guitarrista pela revista. Lars, um dos melhores bateristas de hoje em dia. James está como 24o melhor vocalista pela Hit Parader, na frente de vozes como Gene Simmons (Kiss), Serj Tankian (System Of A Down) e John Bon Jovi (Bon Jovi), além de 8ºmelhor guitarrista pelo livro The Greatest 100 Metal Guitarists. Já Dave, o guitarrista expulso, fundaria a maior rival do Metallica: O Megadeth, um dos herdeiros desse gênero que é o thrash metal, que fez Dave fechar o livro como o primeiro. A acidez incrementada em uma mistura de NWOBHM e speed metal cria um gênero que rende até seus Big Four: Metallica, Megadeth, Anthrax e Slayer, que se reuniram para um único show na Bulgária em Julho deste ano.

O próprio Brasil teve sua cenário thrash, com bandas como Sepultura, banda muito reconhecida internacionalmente que seria relacionada ao "groove metal" (outra banda desse gênero é o Pantera), gênero com influências funk (não o carioca, o ritmo das baladas americanas) e o Ratos de Porão, banda com influências pesadas de hardcore punk. A influência do Thrash brasileiro no resto do mundo foi tanta que até se cria uma cena regional: o "Brazilian Thrash Metal", marcado por influências do punk e da NWOBHM, e, até, às vezes, música brasileira. Mesmo com tanta influência e popularidade, os filhos do thrash metal, mesmo conseguindo milhares de fãs e uma qualidade particular, acabaram simultaneamente criando de vez o preconceito contra o metal, mas depois nós veremos do que estou falando.

Enquanto surgia o thrash metal, também surgia também o post-punk, um rock que já era mais lento e "certinho". Alguns exemplos são a popular U2, irlandesa com um sucesso extremo que fez seu álbum The Joshua Tree o 5º álbum definitivo no rock, entre 200 eleitos pela Rock and Roll Hall Of Fame. Seus membros fixos da banda (Bono, The Edge, Adam e Larry) conseguiram algo difícil no rock que é atravessar uma carreira sem polêmicas pesadas, drogas ou bebida (à parte as drogas e o álcool usadas por Adam até largar em 1993). No Brasil, a maior banda do gênero foi a Legião Urbana, com influências do country e da MPB. Suas músicas "Que País É Esse?", "Faroeste Caboclo" e "Conexão Transamazônica" são parte de um dos maiores álbuns da história brasileira: "Que País É Esse", disco de 1987 que demora 9 anos para ser gravado. Outra representante brasileira foram os Titãs, banda com flertes com o hard rock.

Como um "derivado" do Post-Punk, com influências New Wave, surge um movimento de college rock, aquele rock feito por amigos jovens com vários LPs acumulando poeira na coleção das pessoas de 30 a 40 anos. Têm letras herdadas do glam rock, mas com um ritmo totalmente diferente. O maior dos expoentes desse gênero é o R.E.M., com suas performances artísticas de rock, destaque para "Losing My Religion". Outra banda do gênero é o The Smiths, além da cantora Kate Bush. Mas o college rock foi mais um movimento que um gênero.

Outro gênero com avanço notável na época era o hard rock, com novas bandas como Guns N' Roses e seu virtuoso ex-guitarrista Slash, agora totalmente mudada. Seu disco Appetite for Destruction é um álbum obrigatório, que produz três clássicos (Sweet Child O' Mine, Paradise City e Welcome to the Jungle) e mais 9 grandes músicas. É a qualidade de uma compilação, mesmo com outros álbuns apresentando a mesma qualidade. Rush, mesmo já sendo aqui classificado como rock progressivo, é outro exemplo de hard rock, com seu renomado baterista Neil Peart, 1º lugar pela Rolling Stones.

Dois estilos muito interessantes que surgem nessa época são o funk rock e o funk metal. Foi, obviamente, uma fusão dos dois estilos com o funk (não o funk carioca, o funk dos estrangeiros, parecido só no nome, aquele de Stevie Wonder e do baixista virtuosíssimo Victor Wooten, com destaque o cover que Wooten fez de Stevie, "Overjoyed"). Uma das poucas bandas reconhecidas no funk rock é a Red Hot Chilli Peppers, que usa seu baixista Flea para o que geralmente seria feito por 1 ou 2 bons guitarristas como acompanhamento na 5a
e na 6a cordas. Outra banda do gênero é a Primus, cujo baixista Les Claypool é conhecido pelos instrumentos exóticos que usa (como bassjo e whamola), cujo projeto solo rende o tema da série South Park. Já o funk metal é principalmente respresentado pelas bandas Rage Against the Machine, Faith No More e Incubus. Muitas outras bandas mais atuais (anos 90 e 2000) como Korn, System of a Down, 311 e até Slipknot são eventualmente associadas com o funk metal, mesmo com poucas semelhanças com o gênero.

Voltando ao thrash metal e seus "filhos" que falei, começaremos pelo blackened thrash metal (ou "primeira onda de black metal"), movimento dos anos 80 que começaria com o thrash metal do Venom (que lemos na postagem 4). Seu segundo disco, Black Metal, apresentava vocais gritados e letras satânicas, como a faixa homônima e "Welcome to Hell", além de guitarras simples e D-Beat (batida na bateria). Outra banda é a sueca Báthory, que quando não estava fazendo baladas envolvidas pela música viking ("One Rode To Asa Bay") estava fazendo vocais rasgados com guitarras distorcidas e baterias "metralhadora" ("Woman of Dark Desires"). Juntos nesse novo gênero, apareciam também Celtic Frost (suíça), Sodom (alemã), Mercyful Fate (dinamarquesa), entre mais bandas europeias, além da brasileira Sarcófago, a primeira a usar a corpse paint ("pintura cadavérica") com fins medonhos, oposta à bandas como Kiss, a também brasileira Secos e Molhados e o astro Alice Cooper, ajudando a cunhar o termo.

O black metal prosseguiria para o novo círculo do black metal (ou "segunda onda") aumenta a participação norueguesa na cena musical, com bandas como Mayhem, Burzum, Gorgoroth, Darkthrone e Sathyricon. A Suécia também participa, com Marduk e Dark Funeral. Ainda há pequenas cenas na França, Polônia (com destaque para Behemoth e os EUA. Há também, em volta dessas bandas, um dos momentos mais trágicos (e, com certeza, o mais chocante) da história do black metal. Em 1993, boatos espalhados pelo guitarrista Snorre Runch, da banda Thorn, diziam que Euronymous, exímio guitarrista da Mayhem (100º melhor do metal pelo livro já referido), por causa de um problema de contrato e de "batalhas pela liderança de um grupo satânico", ou seja, inveja, queria matar Varg Vikernes, vocalista, guitarrista, baixista, baterista e tecladista do Burzum. Como qualquer pessoa normal faria, Varg o matou com 23 facadas e alegou legítima defesa, dizendo que foi lá só para discutir e foi recebido por uma faca. Levou 21 anos de prisão, do que cumpriu somente 16. No meu conceito não-profissional nisso, um psicopata de nível 13.

Ainda haveria o death metal, mas disso falaremos na próxima postagem, junto com um movimento que foi começado por um punhado de jovens fãs de drogas, punk e heavy metal, mas que mudaria todo o rock que viria depois dele.



(continua na próxima postagem...)

Próxima postagem: "Da África ao Heavy Metal (parte 7)"