terça-feira, 20 de julho de 2010

Baixistas Importantes

Dependendo da banda, o baixo pode ser ou não importante. Tudo depende do grupo e, é claro, da habilidade do baixista. Alguns deles são bons, outros são puro "style", em bandas com péssimas linhas de baixo. O baixo pode fazer ostinatos, acompanhar a percussão, ou, até, fazer som de guitarra. Considere, o baixo é tão importante quanto a guitarra.

O baixo é uma mistura de guitarra com contrabaixo (por sua vez, uma alternativa mais grave para o violino nas orquestras a partir do século XVI), inventado pelo guitarrista session-man de música havaiana Paul Tutmarc na década de 30, e descrito por ele como "uma guitarra grave de 4 cordas". Logo, logo, o baixo marcaria inicialmente profundamente a música havaiana, o jazz, e, principalmente, o blues. Depois que o R&B evoluiu para o rock n' roll, o baixo começou a perder sua importância, até uma simples mudança de formação mudar tudo.

Em Dezembro de 1963, a banda de garagem inglesa The Detours perde seu vocalista amador, Gabby Connoly. Ao invés de simplesmente chamar um novo vocalista, a banda decidiu que um de seus dois guitarristas, Pete Townshend, largaria sua guitarra. Então, para substituir o som de guitarra, o baixista John Entwhistle resolveu fazer o som de guitarra das músicas no baixo, levando, pela primeira vez, o instrumento para a frente da banda. Mais tarde, essa bandinha de garagem se tornaria a grande e famosa The Who, ganhadora de 18 discos de platina e presentes no Hall da Fama do Rock n' Roll.

Outro fato musical importante para a história desse instrumento nos leva à Califórnia de 1982, na famosa discoteca (e a primeira nos EUA) Whisky A Go Go. Uma banda de garagem, Trauma, fazia sua primeira grande apresentação. No meio do show, grande parte da banda deixa o palco, deixando somente Cliff Burton, seu baixo elétrico, e um pedal de distorção para guitarras. Cliff começa a fazer um inacreditável solo com som de guitarra. Na plateia, encontravam-se duas futuras lendas do rock, Lars Ulrich e James Hetfield, respectivamente, baterista e guitarrista da banda ainda sendo formada Metallica. Lars e James demoraram para perceber (mais ainda para acreditar) que não havia nenhum guitarrista no palco. Lars disse sem hesitar: "Esse cara vai ser da minha banda". Esse solo pode ser ouvido na música "(Anesthesia) Pulling Teeth" do primeiro disco do Metallica, "Kill`em All". Somente para ter Cliff na banda, Lars, Kirk e Dave Mustaine (guitarrista da época) sairam de sua cidade da época, San Francisco, só para irem para Los Angeles e terem Cliff com eles. O baixista Ron McGovney foi demitido, por "só seguir, nunca ajudar", de acordo com Lars. Mais tarde, Dave seria substituído por Kirk Hammet. Estava formado o Metallica. Ao escrever sobre um instrumento, é muito difícil falar sobre fatos, então, vamos parar por aqui e falar sobre o uso do baixo elétrico.

Muitas bandas - principalmente duos como Tenacious D, The Rembrandts e White Stripes - deixam de usar o baixo, como a banda de rock clássico The Doors e a de pop hardcore alternativo -emos- Jonas Brothers. Já que o baixo é, geralmente, um instrumento muito fácil, quando alguém precisa entrar na banda por motivos de ser um grande compositor, um bom letrista, ter uma boa voz ou dar estilo, ele aprende o baixo. Alguns exemplos fortes são o bom baixista, grande cantor e perfeito compositor Paul MacCartney, ou o multi-instrumentista e compositor John Paul Jones, um dos quatro DEUSES do rock do Led Zeppelin. Outro exemplo diferente é um icone do movimento punk chamado Sid Vicious, que ficou famoso como "baixista" do Sex Pistols. Ele simplesmente não tocava baixo! Sid entrou na banda por causa de seu estilo, o mais essencial dos Pistols. Certas bandas, como o Bon Jovi e o Blind Guardian, não usam baixo ao vivo, só em estúdio. Mesmo assim, em músicas como Livin' on a Prayer do Bon Jovi, o baixo é essencial na intro. Baixo e guitarra sempre fizeram uma dupla perfeita.

Próxima semana: "Literatura e Heavy Metal"

*Nota: Desculpe por não ter postado nada semana passada. Estou em viagem e não tive acesso à internet.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Drogas e Rock'n'Roll

As drogas sempre foram usadas abertamente. Os gregos e chineses de mais de 3 mil anos atrás já usavam e abusavam do ópio. As drogas, tanto as alucinógenas quanto as enteogênicas, sempre enlouqueceram as pessoas. Pessoas morriam e morrem até hoje, já que muitos perdem o controle quando veem as mudanças (positivas a curto prazo) que elas fazem no organismo e na mente do usuário. Muda até a capacidade criativa, o que foi usado por muitos músicos, influenciando grandes gêneros, como grunge, rock psicodélico, acid rock e stoner rock.

Nos anos 20, o trombonista de jazz da Jimmy Dorsey & His Orchestra, Tommy Dorsey, usava e abusava de pílulas, nada de drogas pesadas, até que elas o levaram a uma lenta morte por engasgo em 1956. Eram casos fechados, como os de Chet Baker, Charlie Parker e Billie Holiday. Mais tarde, até mesmo Elvis Presley, pai do rock'n'roll, usava. Mas nada se compara aos anos 60 para frente.

Hippies! ILY, Paz e amor, e tudo isso... Em toda essa onda de negação aos bens materiais e apego à liberdade e a uma sociedade alternativa, o psicólogo Timothy Leary criou a psicoterapia psicotrópica, onde, um dos fundamentos era que as drogas poderiam abrir sua mente. Logo, drogas como marijuana, tabaco e LSD foram abertamente usadas pelos hippies. Então, os artistas da época também começaram a ter problemas com drogas. O quarteto dos Beatles, os membros do The Who, Jimi Hendrix, todo o Grateful Dead com sua DMT, Keith Richards do Rolling Stones, entre vários outros. Veja o festival de Woodstock... Era algo, na época, natural... normal...

Mas, é claro que eu vou falar sobre o heavy metal, começando pelo Led Zeppelin. Essa banda, com um eswtilo definido entre o folk rock, hard rock e heavy metal, sempre foi envolvida com drogas em seus 12 anos de carreira. O grande quarteto inglês, inclusive, levou fim quando seu baterista John Bonham teve uma terrível overdose de álcool, após ser intoxicado com 40 doses de vodca, asfixiando-se ao respirar o próprio vômito enquanto dormia.

Déjà-vu. Ele não foi o único a morrer assim, com uma overdose resultando em asfixia com o próprio vômito. Outro foi o já citado mestre da guitarra, Jimi Hendrix, que se drogou com tudo que você pode imaginar e mais um pouco, foi para um quarto de hotel com sua namorada e vomitou até morrer do mesmo jeito. Em seu vômito, havia vinho tinto. Do mesmo jeito morrera Bon Scott, quem a história você lerá depois. Mas não eram só eles que tinham morrido de overdose até lá.

Em 1970, a jovem cantora solo Janis Joplin, antes do Big Brother and the Holding Company, morreu de overdose de heroína com 27 anos, já com a saúde arrasada. Foi o fim da carreira de uma das maiores cantoras da era hippie. Keith Moon do the Who, que parecia ter uma saúde de ferro, era quase imortal. Já tinha usado até sedativo para cavalos e nada. Mas, um dia, misturou álcool com pílulas (contra síndrome de abstinência DE ÁLCOOL) e não aguentou. Isso ainda em 1978. 6 meses antes de Bonham, quem passou para o lado de lá foi Bon Scott, o australiano que cantava no AC/DC. Depois de várias doses de bebida (novidade...), se trancou no carro, caiu no sono, e, com o organismo enfraquecido, teve uma hipotermia e morreu de asfixia por vômito relacionada com overdose, assim como Hendrix e Bonham. Essas são só mortes de famosos no começo do rock. Mas os que morreriam depois ou os que sobreviveriam são muito mais que esses.

Nos anos 70 e 80, as drogas ainda foram muito usadas por músicos tanto do heavy metal quanto do rock psicodélico. Ozzy Osbourne, na época do Black Sabbath, abusou tanto das drogas na época que chegou a afirmar "Eu não me lembro dos anos 80." Ozzy chegou a, drrogado, arrancar a cabeça de um morcego durante um show. Com os dentes. Já nos anos 80, na Blizzard of Ozz, ele, bêbado, urinou em um prédio. Era o famoso museu do Álamo, no Texas. Ozzy estava vestido de mulher...

Já para o rock psicodélico, o maior figuraça foi Syd Barret, do Pink Floyd, que tinha a fatal combinação de criativo, drogado e síndrome de Asperger. Em certa ocasião, ele foi convidado para o programa de tv de Pat Boone e aceitou, mas, na hora, ele se recusou a falar, ficando parado, com os braços soltos, olhando fixamente para a câmera. Em outra, ele disse para a banda ter composto uma ótima música. Na hora "H", cada vez que ele apresentava a música para a banda, ele mudava os acordes.

O nome da música? "Have You Got It Yet?", ou seja, "Você já entendeu a piada?" Ainda nos anos 70, é impulsionado o gênero que já trás as drogas no nome: o acid
rock. Considera-se a primeira música de acid rock como Purple Haze de Jimi Hendrix, ainda em 1967. Era uma mistura despadronizada de rock psicodélico com vários outros ritmos, como blues, country, jazz fusion e música indiana. Depois, se tornou o ritmo de bandas como The Doors, Cream, Blue Cheer e a já citada Grateful Dead.

Várias bandas fizeram músicas sobre as drogas nos 70 e 80, sendo a mais conhecida "I Wanna Be Sedated" dos Ramones. Em contrapartida, foram feitas músicas de sucesso que iam contra as drogas, por exemplo, "Master of Puppets" do Metallica, que fala sobre as influências da cocaína nos dependentes, e "Suicide Solution", ironicamente, da Blizzard of Ozz, banda de Ozzy Osbourne.

Nos anos 90 para frente, com o pop se tornando mais massivo, o cenário musical ficou mais limpo. Obviamente ainda existiam doidões, como Kurt Cobain do Nirvana, maior nome do grunge, que se suicidou depois de uma crise de abstinência de drogas. A banda de nu metal com nove membros Slipknot ficou com oito em 24 de Maio de 2010, quando seu baixista Paul Gray teve uma overdose supostamente acidental de morfina, ainda sendo investigada pelos peritos. Houve em 2009 uma overdose acidental de sedativos que matou o "rei do pop" Michael Jackson. Ozzy limpou o organismo, mas Keith ainda está "no pique", o que pode significar o fim dos Rolling Stones se ele passar do limite. A banda armeno-americana System of a Down fez músicas como "Drugs", "This Coccaine Makes Me Feel Like I'm This Song" e "She's Like Heroin", mas nunca chegaram a usar drogas.

As drogas estão sendo largadas, os músicos se desintoxicaram, mas o espírito musical não.

Próxima quinta: "Baixistas Importantes"

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A Cena Brasileira

As principais bandas de metal, não precisa ser um especialista para entender, vêm dos EUA e Inglaterra. As principais, eu digo. Porque existem inúmeros lugares de importância extrema. Os lugares mais importantes para o metal: costa da Califórnia, Inglaterra, Alemanha, Austrália, Nova Orleans costa Leste americana, Escandinávia e... Brasil. Sim, Brasil. Se você só tem olhado para o exterior e ouvido bandas americanas e inglesas, você não sabe o que está perdendo...

Em uma época em que o disco era absoluto e nada podia com ele, os Bee Gees e similares reinavam, até mesmo no Brasil. Era um caldeirão de disco, onde o rock era menos popular. As poucas bandas de rock eram parte do movimento da tropicália, que envolvia ritmos brasileiros e africanos. Alguns maravilhosos exemplos são Rita Lee, Cássia Eller, Os Mutantes, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Mas, nos anos 70, começou a globalização musical brasileira, onde nossas bandas começaram a recorrer ao pop e ao disco. É claro que, também, ao heavy metal.

Em Belém do Pará (xôo Calypso), em 1974, surgiu a banda Stress, quase que alienígenas no mundo do pop com suas músicas de críticas a nosso mundo, como "Lixo humano", que teve que ser trocado por "Lixo mano" por causa da ditadura. Foi tão impopular que o primeiro LP brasileiro de heavy metal, homônimo deles, só saiu em 1982. E foi uma luta para nossos precursores brasileiros do thrash metal. Mas depois disso, nosso heavy começa a fazer sucesso.

Só nos anos 80, você vê aparecerem bandas de metal em massa no brasil, principalmente nos estilos mais pesados. O thrash metal bem brasileiro do Korzus, com músicas como "Correria", o heavy metal épico e rápido da Dorsal Atlântica, com músicas como "Joseph Mengle - O anjo da morte", o thrash metal bem agressivo e punk dos Ratos de Porão, banda do VJ João Gordo, com exemplos como "Crucificados pelo sistema", a versão mais pesada do Barão Vermelho "Azul Limão", com Sangue Frio", mais o famoso black metal pesadaço e anticristão do Sarcófago, com exemplos de letras satânicas como "Desecration of (the) virgin".

Mas, o que merece grande destaque, sem a mínima dúvida, são os caras do Sepultura. Dois de seus guitarristas (Andreas Kisser e Max Cavalera) estrelaram no livro de Joel McIver "The 100 greatest metal guitarists", onde estavam, respectivamente, em 49o e 85o lugar. A banda é mundialmente reconhecida, ganhou inúmeros discos de platina pelo mundo, revolucionou o death metal a nível internacional, viu seu ex-baterista Igor Cavalera como 81o melhor do mundo na Rolling Stone, e, simplesmente, o (!) melhor baterista de Death Metal do mundo. Isso tudo com seu estilo que já variou de um heavy tribal para um death. Para conhecer suas músicas mais pesadas, ouça "Roots Bloody Roots", "War", "Refuse/Resist", e, com o novo vocalista Derrick Green, "We've Lost You" e "Moloko Mesto". Para ouvir suas músicas mais melódicas, ouça "Ratamahatta", "Kaiowas" e "Bullet The Blue Sky".

Com a vinda de bandas de rock leve e/ou falso, não só no Brasil, mas o heavy metal começou a perder sua popularidade. Hoje em dia, é cada vez mais comum ouvir pessoas dizendo que emos, pop ou "happy rock" é rock. Não falto com respeito a eles, mas, posso dizer que eles, além de estarem completamente errados, acabam com o espírito do heavy metal. Poucas bandas de heavy metal atuais estão fazendo sucesso, como Torture Squad, Holocausto e Executer. O espírito do rock sempre vai evoluindo, e, até mesmo os fãs de um bom rock leve nacional dos Titãs ou do cantor Arnaldo Antunes são substituídos pelas modinhas. Legião Urbana é raro, já que o "punk" de hoje em dia no Brasil é Pitty, Restart e Cine...

Mas, nos ouvidos mais inteligentes e afinados, a música de verdade persiste. Jazz, blues, música clássica, rock, e, é claro, METAL. Os metaleiros sempre existirão aqui no Brasil, modinhas dão e passam. Não deixe o espírito do heavy metal morrer!

Na próxima semana: "Drogas e Rock'n'roll"