sábado, 21 de agosto de 2010

Da África ao Heavy Metal (parte 3)

Em 1964, depois de dois singles que se tornam terríveis fracassos de vendas, os cinco jovens do The Kinks sofreram da gravadora Pye Records a anulação de um contrato caso seu terceiro não vendesse o esperado. Desesperado por um novo sucesso, o vocalista Ray Davies, culpando o fracasso pelo caso deles serem muito "polidos", senta-se no piano do quarto de seus pais e produz uma sequência de notas incríveis. Ao apresentá-la a seu irmão e guitarrista Dave, ele pega um alfinete, liga sua guitarra na distorção, efeito pouco usado na época e constrói o riff da música You Really Got Me, que, após gravada, não só atingiria os objetivos de venda, como também subiria ao topo das paradas britânicas e inauguraria um novo estilo: o épico hard rock. Participando da gravação dessa música histórica, com 20 anos, estava o músico de sessão James Patrick. Guarde esse nome.

Logo depois desse sucesso estrondoso, o hard rock teve uma evolução de popularidade muito rápida. As bandas mais clássicas começam a flertar com o hard rock. Alguns exemplos são a música dos Rolling Stones "Satisfaction" (surgida em um sonho do guitarrista Keith Richards), a do The Who "My Generation" (a primeira música com um duelo de baixo vs. guitarra, até hoje um hino dos jovens, nas vozes de Oasis e Green Day) e até os Beatles, com a música "Helter Skelter" (curiosamente, a música ouvida pelo serial killer Charles Manson enquanto mutilava a esposa do cineasta Roman Polanski).

Em 1967, a banda canadense Steppenwolf gravaria seu maior sucesso, o hino dos motoqueiros, o protótipo de heavy metal "Born To Be Wild", que ficaria famoso pelo seu riff potente. Daí surgiria o nome "heavy metal", referindo-se ao barulho das motocicletas, na linha "eu gosto do trovão do metal pesado". Isso marcaria a rebeldia dos fãs de rock, dando um pulso de liberdade que marca o rock até hoje.

Outra banda inesquecível é a banda The Yardbirds, que mesclava o blues com o rock para fazer um estilo distinto. Não fez um sucesso realmente estrondoso na época, mas por ela passariam grandes nomes, como Eric Clapton (mais famoso pela sua carreira solo e sua música acústica "Tears in Heaven, 4o maior guitarrista pela Rolling Stone), Jeff Beck (conhecido por tocar sem palheta, só dedilhando, 14o melhor pela Rolling Stone), e, o mais notável, James Patrick Page, aquele músico de sessão do começo da postagem.

Em 1968, no que os Yardbirds se separaram, James chama novos membros. No vocal, Robert Anthony Plant, da banda Band of Joy. No baixo, John Baldwin, que músico de sessão que tinha tocado o baixo de "She's a Rainbow", dos Rolling Stones. Na bateria, John Henry Bonham, também da banda Band of Joy. Juntos, eles formam a New Yardbirds. No que convidam os membros do The Who John Entwhistle (vulgo melhor baixista de todos, o único que supera Cliff Burton) e Keith Moon (à altura o melhor baterista de todos, depois superado por John dos New Yardbirds) para ouvir seu som, ouvem de Keith que o som deles era "suave e leve como um dirigível, mas pesado como chumbo", logo o som deles era como um dirigível de chumbo. Um Led Zeppelin.

O Led Zeppelin, com seu ecletismo para compôr que envolvia de música oriental, celta e blues até hard rock, reinventou o rock. Foram, se assim me permitem dizer, os Beatles dos anos 70. Suas obras de arte como The Battle of Evermore e Stairway to Heaven fazem contraste com suas músicas mais pesadas, como Kashmir, Immigrant Song, Moby Dick, Black Dog e a épica Rock n' Roll. Falando de Stairway to Heaven, se você nunca a ouviu, o que você está fazendo aqui? Vá ouví-la agora. Suas letras místicas e poéticas, com sua guitarra fluente, sua bateria tranquila e sua flauta doce sintetizada pelo baixista e multi-instrumentista John Baldwin (agora conhecido como John Paul Jones) em um mellotron.

Pouco tempo depois do Led Zeppelin abrir a porta para o heavy metal, 4 amigos que sempre tocaram blues são os primeiros a entrar nela. Até hoje eles são lembrados por suas técnicas monstruosas de usar a voz e o instrumento para fazer sua música.

Próxima postagem: "Da África ao Heavy Metal (parte 4)"

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