domingo, 26 de setembro de 2010

Da África ao Heavy Metal (parte 8)

Em 1992, passeando por um estúdio e procurando um lugar para cantar nas horas vagas, o libanês residente em Glendale (Califórnia) Serj Tankian, reconhece um aluno da sua antiga escola (Rose and Alex Pilibos Armenian School), Daron Malakian. Juntos, descobriram interesses musicais em comum, além de semelhanças culturais, já que ambos eram filhos de armenos. Com Serj no teclado e Daron na guitarra, ambos alternando no vocal, chamam dois amigos da escola para se integrarem: Shavo Odadjian como empresário e Dave Hakopyan no baixo. Procuram um baterista e acham Domingo Laranio. Com o tempo, Shavo iria para a segunda guitarra. Em 1994, Dave e Domingo saem, e seus integrantes remanescentes colocam Shavo no baixo e chamam Ontronik Khachaturian para a bateria, depois substituído por John Dolmayan por causa de uma lesão na mão. Depois desse troca-troca, a ex-Soil ainda gravaria cinco discos, se destacando no novo heavy metal, graças às suas influências psicodélicas, com passeios pelo jazz e a música oriental. Era o System of a Down, agora em "férias" desde 2006 e com boatos sobre um suposto retorno até não poder mais. Com seu espírito expermimental e seus tempos estranhos, é dhamado "metal alternativo", junto de bandas como Nine Inch Nails e Rage Against The Machine.

O outro destaque dessa nova era nos leva a Des Moines, capital do Iowa, centro rodoviário do interior dos Estados Unidos. Em 1994, a banda Painface se separa, depois da saída do guitarrista Patrick. Logo, o vocalista Anders e o baterista Shawn pegam na percussão, enquanto o segundo é substituído na bateria por Joey Jordison e Paul Gray segue como baixista. Para substituir Patrick, entram Josh Brainard e Donnie Steel. A banda faz uma mistura louca de Sepultura, Primus e Black Sabbath. A banda grava uma fita demo. O guitarrista Donnie larga a banda por motivos religiosos e é substituído por Craig Jones, que em questão de semanas vira DJ e é substituído por Mick Thomson. Anders sai quando é movido para o vocal de apoio pelo novo membro Corey Taylor. Para ficar na percussão em seu lugar, entra Greg Welts. Outra demo. Greg foi sair por sair com a irmã de Joey Jordison e é substituído por Cris Fehn. Josh sai por pedido da família e é substiuído por Jim Root. Entra um DJ extra, Sid Wilson. Está contando? Aposto que não, mas são 9 membros. Todos eles no primeiro álbum, homônimo, dessa grande banda que é o Slipknot, de 1999. Essa formação fixa permaneceu com máscaras assustadoras. Desde Julho, a banda permanece inativa, por causa da morte do baixista Paul Gray, depois de uma overdose de remédios para o coração.


Além dessas duas bandas, outro movimento dentro do heavy metal que deve ser citado é o metal industrial. Esse estilo surge quando cruza-se aquele punk e o metal com a música industrial, aquela música barulhenta eletrônica. As suas precursoras são Metallica, Faith No More, Danzig, Celtic Frost, e, principalmente, Korn, que, mesmo sendo posterior ao movimento, mudou o curso do gênero. Uma das primeiras bandas do gênero poderia ser o Nine Inch Nails, projeto do músico Trent Reznor que começou a usar samples e teclado em suas músicas. Outras bandas famosas do gênero foram Ministry (nos últimos álbuns) e Godflesh. Hoje em dia, os principais representantes do gênero são Marilyn Manson (de longe,o artista mais polêmico do heavy metal atual) e Rammstein, banda alemã de vocalista operático que alto-intitula sua música como tanzmetall (heavy metal dançante), também muito polêmica, mas, ao contrário de Marilyn Manson, Rammstein cria polêmicas em suas performances e clipes bizarros, enquanto Marilyn (mesmo também não tendo os shows e clipes mais lindos do mundo) cria mais suas polêmicas em sua vida pessoal, como quando removeu 2 pares de vértebras para... *Eu não vou falar sobre essa merda aqui. Eu tenho nojo e horror disso, e te recomendo não procurar no Google.* Também, com menos sucesso, há o death metal industrial (com a brasileira Nailbomb e a Fear Factory como maiores bandas) e o black metal industrial (100% underground, a maior do gênero é a francesa Blut Aus Nord).


Outro movimento importante foi o metalcore, junto com o metalcore melódico. Esse gênero, com Sepultura como o precursor, mesmo sendo mais antigo, só ganhou importância com os dois primeiros álbuns de Avenged Sevenfold, que depois abandonaria o gênero, que seria  preservado pela americana Trivium e a galesa Bullet For My Valentine. Mesmo sendo um estilo muito popular e o mais promissor da atualidade, ele ainda é muito criticado pelos mais puristas dentro do heavy metal, que geralmente acham semelhanças com o emo onde não existe. *Mais puristas dentro do heavy metal = chatos que não aceitam que as bandas mais "trues" pararam de aparecer e criticam até os novos lançamentos de suas bandas favoritas. Se você é esse tipo de fã, desliga o rádio, pega seu iPod, baixa o que for mais true para você e fica quieto.*


Outro novo sucesso é o power metal mais épico, que, baseado principalmente nas bandas Helloween e Angra, surge com bandas como a irlandesa Rhapsody of Fire e a holandesa Epica. Mas, junto disso, ainda há a banda internacional formada pelo coreano Herman Li e o inglês Sam Totman (ambos ex-integrantes da banda neozelandesa Demoniac) nas guitarras, o ucraniano Vadim Pruzhanov tocando diversos instrumentos eletrônicos, o sul-africano ZP Theart (agora fora da banda, que procura um novo vocalista), os franceses Fréderic Leclercq (baixista que substituiu os ingleses Diccon Harper e Adrian Lambert) e Didier Almouzni (baterista, depois substituído pelo escocês David MacKintosh). Esse festival de nomes bizarros resultou na banda nomeada por fãs como a mais rápida do mundo, a Dragonforce, som que parece uma música de videogame distorcida e com vozes épicas.


Outro estilo que surgiu foi o metal gótico, influenciado por bandas como Celtic Frost (ela de novo!) , Christian Death e Samhain. Inspirados no rock gótico e na música erudita, surgem bandas que fazem um som maléfico, com ênfase no baixo e vocais diversos. Um estilo vocal muito usado pelo gothic metal é o feminino, em bandas como Epica, Evanescence e Nightwish (todas as três bem próximas do power metal). Outro é o beauty and the beast, com um assustador contraste entre as vozes guturais do black metal e belas e suaves vozes de uma soprano feminina, inaugurada pela Theatre Of Tragedy e usada por Tristania e Sirenia, além de bandas que convidam mulheres para cantar, como The Cradle Of Filth e a portuguesa Moonspell. Esse estilo chegou até a sair do gótico e chegou até à banda Distorted (falaremos dela no próximo parágrafo). Ainda há os puramentes guturais, como em algumas músicas da Moonspell e na Cradle Of Filth sem mulheres. Outro estilo são os vocais chorados masculinos, usados por bandas como My Dying Bride e Type O Negative, essa última, tendo como vocalista e baixista o falecido Peter Steele (primo de 4o grau de Stálin), que morreu esse ano, junto com uma das mais belas vozes do heavy metal, caracterizada pelo seu estilo entre o baixo e o barítono.


Outro estilo atual é o folk metal, nada mais, nada menos, que o heavy metal misturado com músicas folclóricas. Ele começa no Brasil, mas, infelizmente, com músicas não-brasileiras (isso seria interessante), mas com influências celtas em bandas como Tuatha de Danann, de Varginha. Não tarda para que os alemães
comecem a gerir bandas como a In Extremo (que usa influências e instrumentos medievais para tocar heavy metal) e a Corvus Corax (mais medieval que heavy metal, mas ok). Outras boas bandas do gênero são Subway to Sally, Tanzwut, Letzte Instanz, The Meads of Asphodel (black metal) e Skyclad (thrash metal). Com bandas como as israelitas Melechesh ("a banda mais anticristã do lugar mais sagrado do mundo", para Garry Sharpe-Young), Distorted (que incorpora um estilo gótico) e Orphaned Land (prog metal) e a cazaque Ulytau. Os povos andinos ainda influenciariam bandas como Tenochtitlan (russa) e Chaska (peruana). O viking metal, ritmo predominante na Noruega e Suécia, seguidor de Báthory, mesmo muitas vezes não tendo influências folclóricas pode aqui ser citado como folk metal por causa de sua temática, com bandas como Amon Amarth, Týr e Moonsorrow. Ainda existem várias bandas únicas, que misturam ritmos específicos  ao heavy metal. Podemos ver nesse grupo a finlandesa Finntroll (humppa, tipo de dança finlandesa), a singapuriana Rudra (música védica da Índia), a portuguesa Moonspell (banda gótica com influências do fado no primeiro álbum), a brasileira Braia (MPB!), e, uma banda brasileira muito underground que aqui quero destacar, a florianopolitana Austhral, que mistura ritmos gaúchos como chamamé e xote com o black metal.


Aqui estou falando do heavy metal atual, mas agora reservo um espaço para falar de um ritmo muito cult que surgiu nos anos 90. Ele aparece quando as bandas inglesas começam a fazer um som alternativo como o do U2, mas mais calmo. Surge o britpop, com bandas como Blur e Oasis, que ganham o cenário internacional facilmente. Esse estilo, no início fez uma música calma que agradava a todos os gostos, mesmo não sendo o estilo mais popular. Mas, depois de um tempo, veio a segunda geração, com um estilo mais mainstream que nunca, mais pop que rock, tão popular que influenciaria bandas do mundo todo e se tornaria mais cult do que o rock em si, mesmo 99,99% de suas bandas fazerem um único sucesso e voltarem para casa. Esse estilo é tão popular que sai da Inglaterra, influenciando bandas do mundo todo.


O britpop pode ser considerado a última cena regional. A internet torna o mundo globalizado até musicalmente. Se eu invento um estilo aqui e posto no meu Myspace, um japonês pode acrescentar algo nele, influenciando diversas bandas e criando um estilo regional no interior da Áustria, influenciando as músicas de uma banda americana que faz sucesso no Youtube e é considerada a inventora do gênero. Mesmo assim, nunca se esqueça: a música é arte. E a arte é eterna.




Próxima postagem: "Preconceito contra o heavy metal"

Nota: Acabei a série sobre história do rock. Agora, voltarei ao ritmo normal, já que  usei aquele tempo para recauchutar as ideias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário