quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Da África ao Heavy Metal (parte 6)



Em 1981, o dinamarquês Lars Ulrich, residente em Los Angeles, põe no jornal o aviso: "Baterista procurando por músicos metaleiros interessados em tocar Tygers of Pan Tang, Diamond Head e Iron Maiden". O primeiro a responder foi o guitarrista e vocalista James Alan Hetfield, da banda Leather Charm. Depois, Lars ainda receberia em sua banda o guitarrista Lloyd Grant (que sairia em alguns meses e substituído por David Scott Mustaine) e o baixista da Leather Charm, Ronald McGovney. Depois de um tempo, nervoso por ter que aguentar o bullying de David (incluindo um espisódio em que David encharcou seu baixo e o fez levar um choque), Ronald sai da banda. Kirk Lee Hammet também foi tocar guitarra, com a saída (expulsão) de Dave, devido ao seu problema com a bebida.


O destino dessa conturbada banda? Metallica. O substituto de Ronald, Cliff Burton (depois morto em um terrível acidente de ônibus), é considerado até por fãs de bandas totalmente diferentes do Metallica um dos melhores do mundo, apesar de ser o 30º para a Rolling Stone. Kirk é o 11º melhor guitarrista pela revista. Lars, um dos melhores bateristas de hoje em dia. James está como 24o melhor vocalista pela Hit Parader, na frente de vozes como Gene Simmons (Kiss), Serj Tankian (System Of A Down) e John Bon Jovi (Bon Jovi), além de 8ºmelhor guitarrista pelo livro The Greatest 100 Metal Guitarists. Já Dave, o guitarrista expulso, fundaria a maior rival do Metallica: O Megadeth, um dos herdeiros desse gênero que é o thrash metal, que fez Dave fechar o livro como o primeiro. A acidez incrementada em uma mistura de NWOBHM e speed metal cria um gênero que rende até seus Big Four: Metallica, Megadeth, Anthrax e Slayer, que se reuniram para um único show na Bulgária em Julho deste ano.

O próprio Brasil teve sua cenário thrash, com bandas como Sepultura, banda muito reconhecida internacionalmente que seria relacionada ao "groove metal" (outra banda desse gênero é o Pantera), gênero com influências funk (não o carioca, o ritmo das baladas americanas) e o Ratos de Porão, banda com influências pesadas de hardcore punk. A influência do Thrash brasileiro no resto do mundo foi tanta que até se cria uma cena regional: o "Brazilian Thrash Metal", marcado por influências do punk e da NWOBHM, e, até, às vezes, música brasileira. Mesmo com tanta influência e popularidade, os filhos do thrash metal, mesmo conseguindo milhares de fãs e uma qualidade particular, acabaram simultaneamente criando de vez o preconceito contra o metal, mas depois nós veremos do que estou falando.

Enquanto surgia o thrash metal, também surgia também o post-punk, um rock que já era mais lento e "certinho". Alguns exemplos são a popular U2, irlandesa com um sucesso extremo que fez seu álbum The Joshua Tree o 5º álbum definitivo no rock, entre 200 eleitos pela Rock and Roll Hall Of Fame. Seus membros fixos da banda (Bono, The Edge, Adam e Larry) conseguiram algo difícil no rock que é atravessar uma carreira sem polêmicas pesadas, drogas ou bebida (à parte as drogas e o álcool usadas por Adam até largar em 1993). No Brasil, a maior banda do gênero foi a Legião Urbana, com influências do country e da MPB. Suas músicas "Que País É Esse?", "Faroeste Caboclo" e "Conexão Transamazônica" são parte de um dos maiores álbuns da história brasileira: "Que País É Esse", disco de 1987 que demora 9 anos para ser gravado. Outra representante brasileira foram os Titãs, banda com flertes com o hard rock.

Como um "derivado" do Post-Punk, com influências New Wave, surge um movimento de college rock, aquele rock feito por amigos jovens com vários LPs acumulando poeira na coleção das pessoas de 30 a 40 anos. Têm letras herdadas do glam rock, mas com um ritmo totalmente diferente. O maior dos expoentes desse gênero é o R.E.M., com suas performances artísticas de rock, destaque para "Losing My Religion". Outra banda do gênero é o The Smiths, além da cantora Kate Bush. Mas o college rock foi mais um movimento que um gênero.

Outro gênero com avanço notável na época era o hard rock, com novas bandas como Guns N' Roses e seu virtuoso ex-guitarrista Slash, agora totalmente mudada. Seu disco Appetite for Destruction é um álbum obrigatório, que produz três clássicos (Sweet Child O' Mine, Paradise City e Welcome to the Jungle) e mais 9 grandes músicas. É a qualidade de uma compilação, mesmo com outros álbuns apresentando a mesma qualidade. Rush, mesmo já sendo aqui classificado como rock progressivo, é outro exemplo de hard rock, com seu renomado baterista Neil Peart, 1º lugar pela Rolling Stones.

Dois estilos muito interessantes que surgem nessa época são o funk rock e o funk metal. Foi, obviamente, uma fusão dos dois estilos com o funk (não o funk carioca, o funk dos estrangeiros, parecido só no nome, aquele de Stevie Wonder e do baixista virtuosíssimo Victor Wooten, com destaque o cover que Wooten fez de Stevie, "Overjoyed"). Uma das poucas bandas reconhecidas no funk rock é a Red Hot Chilli Peppers, que usa seu baixista Flea para o que geralmente seria feito por 1 ou 2 bons guitarristas como acompanhamento na 5a
e na 6a cordas. Outra banda do gênero é a Primus, cujo baixista Les Claypool é conhecido pelos instrumentos exóticos que usa (como bassjo e whamola), cujo projeto solo rende o tema da série South Park. Já o funk metal é principalmente respresentado pelas bandas Rage Against the Machine, Faith No More e Incubus. Muitas outras bandas mais atuais (anos 90 e 2000) como Korn, System of a Down, 311 e até Slipknot são eventualmente associadas com o funk metal, mesmo com poucas semelhanças com o gênero.

Voltando ao thrash metal e seus "filhos" que falei, começaremos pelo blackened thrash metal (ou "primeira onda de black metal"), movimento dos anos 80 que começaria com o thrash metal do Venom (que lemos na postagem 4). Seu segundo disco, Black Metal, apresentava vocais gritados e letras satânicas, como a faixa homônima e "Welcome to Hell", além de guitarras simples e D-Beat (batida na bateria). Outra banda é a sueca Báthory, que quando não estava fazendo baladas envolvidas pela música viking ("One Rode To Asa Bay") estava fazendo vocais rasgados com guitarras distorcidas e baterias "metralhadora" ("Woman of Dark Desires"). Juntos nesse novo gênero, apareciam também Celtic Frost (suíça), Sodom (alemã), Mercyful Fate (dinamarquesa), entre mais bandas europeias, além da brasileira Sarcófago, a primeira a usar a corpse paint ("pintura cadavérica") com fins medonhos, oposta à bandas como Kiss, a também brasileira Secos e Molhados e o astro Alice Cooper, ajudando a cunhar o termo.

O black metal prosseguiria para o novo círculo do black metal (ou "segunda onda") aumenta a participação norueguesa na cena musical, com bandas como Mayhem, Burzum, Gorgoroth, Darkthrone e Sathyricon. A Suécia também participa, com Marduk e Dark Funeral. Ainda há pequenas cenas na França, Polônia (com destaque para Behemoth e os EUA. Há também, em volta dessas bandas, um dos momentos mais trágicos (e, com certeza, o mais chocante) da história do black metal. Em 1993, boatos espalhados pelo guitarrista Snorre Runch, da banda Thorn, diziam que Euronymous, exímio guitarrista da Mayhem (100º melhor do metal pelo livro já referido), por causa de um problema de contrato e de "batalhas pela liderança de um grupo satânico", ou seja, inveja, queria matar Varg Vikernes, vocalista, guitarrista, baixista, baterista e tecladista do Burzum. Como qualquer pessoa normal faria, Varg o matou com 23 facadas e alegou legítima defesa, dizendo que foi lá só para discutir e foi recebido por uma faca. Levou 21 anos de prisão, do que cumpriu somente 16. No meu conceito não-profissional nisso, um psicopata de nível 13.

Ainda haveria o death metal, mas disso falaremos na próxima postagem, junto com um movimento que foi começado por um punhado de jovens fãs de drogas, punk e heavy metal, mas que mudaria todo o rock que viria depois dele.



(continua na próxima postagem...)

Próxima postagem: "Da África ao Heavy Metal (parte 7)"

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